Entidade que representa sindicatos diz que comprou bimotor com dinheiro de cooperativa

DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Lucânia, 61, é presidente de uma federação sindical rica de uma categoria pobre. Para visitar sindicatos e obras no interior, ele e outros diretores de sua federação utilizam um avião bimotor King Air C-90, que custou, de acordo com Lucânia, R$ 1 milhão.
Lucânia é presidente da Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo (Fecesp) e mora em São José do Rio Preto (440 km de SP). A federação, cuja sede fica em São Paulo, representa os sindicatos de 1,2 milhão de comerciários, categoria que tem piso salarial de R$ 371.
O King Air C-90 foi comprado pela cooperativa habitacional da federação. Segundo Lucânia, o dinheiro veio das empreiteiras responsáveis pela construção das casas para os comerciários.
"As casas são financiadas pela Caixa Econômica Federal. De todo o dinheiro que recebem da Caixa para construir as casas, as construtoras dão 2% para a cooperativa. É com esse dinheiro que compramos o avião", diz.
Esse é o terceiro avião comprado pela cooperativa. Antes, os sindicalistas usavam modelos menores, Baron e Navajo. Segundo Lucânia, o avião é usado por diretores da federação e técnicos da cooperativa para visitar sindicatos e canteiros de obras.
A cooperativa construiu 10 mil casas para os comerciários. São casas com um quarto, sala e banheiro, de aproximadamente 40 m2, com prestações de R$ 98,00 por mês. A cooperativa, porém, tem um problema: encontrar candidatos para as casas.
"Como os salários estão muito defasados e parte dos salários não é registrada em carteira, é difícil encontrar quem tenha renda mensal de, no mínimo, R$ 650 para ganhar o financiamento", diz Lucânia.
Presidente da federação há dez anos, Lucânia apresenta como uma das conquistas mais recentes a elevação do piso salarial da categoria de R$ 346 para R$ 371. A federação movimenta R$ 5 milhões por ano. (RG)

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