São Paulo, quarta, 2 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VAREJO
Em novembro, 254 mil registros de carnês em atraso foram cancelados, diz a Associação Comercial de São Paulo
Consumidor limpa nome antes do Natal

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

Consumidores paulistanos estão quitando suas dívidas atrasadas para poder voltar às compras neste final de ano.
Com a proximidade do Natal, cresceu o movimento de inadimplentes limpando o nome no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), de acordo com dados divulgados ontem pela Associação Comercial de São Paulo.
No mês de passado, 253.633 registros de carnês em atraso foram cancelados, recorde desde o início da série histórica da entidade desde a década de 60.
A Associação Comercial de São Paulo considera inadimplente o consumidor que atrasa a parcela do crediário em mais de 30 dias.
O número de dívidas atrasadas quitadas ou renegociadas de novembro foi 1,4% maior que o registrado em outubro.
Se comparado com o mesmo mês do ano passado, quando a inadimplência era muito menor, o número cresceu 80%.
A intenção de ir às compras dos ex-inadimplentes é atestada por pesquisa realizada pela associação com 200 consumidores que limparam seus nomes no SPC.
A maioria -60%- respondeu que pretende realizar novas compras a prazo para o Natal.
Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, avalia que o Natal deste ano será equivalente ao do ano passado em volume de vendas, trazendo certo alívio aos comerciantes.
"Esperava-se uma catástrofe, já que os dados de outubro mostravam uma tendência pior do que a atual", afirma o economista.

"Presentinhos"
Os lojistas dos shopping centers também estão otimistas e, a partir do crescimento de 10% nas vendas somente no último final de semana, esperam ter um Natal ao menos igual ao de 97.
"A expectativa daqui para a frente é vender mais com o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário", diz Nabil Shayoun, presidente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers do Estado de São Paulo, que representa 26 mil estabelecimentos comerciais.
Os consumidores podem estar voltando às compras, mas estão maneirando nos gastos.
"O movimento cresce e há saída para produtos de baixo valor; só não vende eletrodomésticos", afirma Shayoun.
O mesmo diagnóstico é feito pelo economista da Associação Comercial de São Paulo, Emilio Alfieri.
No caso do consumidor que está limpando seu nome do SPC e voltando às compras, os produtos mais cobiçados são as roupas e os calçados.
Pesquisa com esses consumidores sobre intenção de compra mostra que 28% afirmam que irão comprar roupas e calçados.
Em segundo lugar na preferência dos consumidores estão os eletrodomésticos, com 17% das respostas sobre intenção de compras.
Em novembro, o número de consultas ao Telecheque (que serve de termômetro para as vendas a vista e com cheque pré-datado) foi 7,5% menor do que o registrado em outubro. Mesmo assim, ficou 3% acima do observado em novembro do ano passado.
No caso das consultas ao SPC, que refletem a venda por crediário, o número de consultas cresceu 5,4% sobre o mesmo mês de 97.
"As consultas ao SPC estavam caindo na comparação com 97 até o mês de outubro", afirma Alfieri.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.