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TRABALHO
Assembléia nega autorização para sindicato do ABC negociar concessões em troca de garantia de emprego
Trabalhadores da Volks rejeitam acordo
ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local
Os trabalhadores da Volkswagen
de São Bernardo rejeitaram a proposta de abrir mão do reajuste de
salários e da PLR (Participação nos
Lucros e Resultados) para evitar
novas demissões e decidiram interromper as negociações com a
montadora.
A decisão foi tomada ontem à
tarde, durante assembléia que reuniu os funcionários dos três turnos
-a fábrica do ABC tem cerca de 19
mil empregados - e quase lotou o
estacionamento em frente a um
dos portões de entrada.
A proposta foi apresentada por
Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
filiado à CUT (Central Única dos
Trabalhadores).
Marinho queria a autorização da
assembléia para negociar o reajuste e a PLR com a empresa em troca
da manutenção do emprego e da
promessa de novos investimentos
na fábrica. "Sem acordo, a Volkswagen vai demitir entre 6.000 e
7.000 pessoas", disse Marinho aos
trabalhadores.
Em uma decisão bastante apertada, o pedido do sindicato foi rejeitado. Marinho chegou a ser vaiado
por parte dos trabalhadores, que
criticaram a maneira como foi encaminhada a votação.
A mesma proposta apresentada
no ABC havia sido aprovada no
período da manhã pelos trabalhadores da fábrica de Taubaté. "O resultado da votação aqui em São
Bernardo foi uma surpresa", disse
Marinho após a assembléia. O sindicalista afirmou que muitos trabalhadores estavam descontentes
com a perspectiva de ficar sem reajuste este ano.
"Agora vamos comunicar à empresa que não há mais possibilidade de fazer um acordo e ver o que
acontece. O risco é grande de a empresa começar a fazer demissões."
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de Taubaté (CUT),
Antonio Eduardo de Oliveira, disse que fazer acordo em separado "é
possível, mas não interessante".
A Volkswagen propôs aos trabalhadores reduzir a semana de trabalho de cinco para quatro dias em
99. Em troca, suspenderia o pagamento do 13º, do abono de férias e
da participação nos lucros, mas
não faria novas demissões. A meta
da empresa é fazer um corte de cerca de R$ 400 milhões nas despesas
para enfrentar a queda de vendas.
O sindicato não aceita perder o
13º e o abono de férias, mas estava
disposto a discutir o reajuste salarial a partir de 1º de novembro e a
PLR. A assembléia de ontem negou autorização ao sindicato para
negociar esses pontos.
A direção da Volkswagen não
quis falar sobre a decisão tomada
ontem pelos trabalhadores da fábrica do ABC.
A montadora tem cerca de 30 mil
funcionários em todo o país. Sem
acordo, o corte pode atingir 20%
do efetivo.
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