São Paulo, sexta-feira, 03 de janeiro de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Novas medidas visam segurar cotação

Agora, Argentina quer evitar que valor do dólar continue em queda

DE BUENOS AIRES

O governo argentino passou 2002 numa batalha para evitar que o valor do dólar explodisse. Agora, enfrenta o problema inverso: desde ontem, passaram a vigorar medidas cujo objetivo é manter a cotação do dólar e evitar que ela siga em queda, como ocorreu nas últimas semanas.
Em junho do ano passado, um dólar era vendido, em média, a 3,82 pesos. No primeiro semestre, a equipe econômica adotou uma série de medidas para restringir operações com a moeda estrangeira e controlar a cotação do dólar. O Banco Central vendia dólares todos os dias a uma taxa pré-determinada, as empresas tinham limites mensais para operar, as operações dependiam de autorização do Banco Central.
A cotação da moeda começou a baixar. Ontem, o dólar fechou em 3,38 pesos. A queda, no entanto, alimenta o receio de que um dólar muito barato volte a prejudicar a indústria local -um dos principais problemas enfrentados pela Argentina nos últimos anos.
Avalia-se que o governo não deixará a cotação baixar para menos do que 3,30 pesos por dólar. Desde ontem, o limite mensal para compra de dólares para empresas e investidores subiu de US$ 100 mil para US$ 150 mil. Na semana passada, o BC parou de vender dólares diariamente e não estabelece mais uma taxa de câmbio para o varejo, como vinha fazendo. As restrições para remessa de dólares ao exterior, para pagar importações e dívidas de empresas, também diminuíram.
Todas as medidas, espera o governo, devem contribuir para a maior procura pela moeda norte-americana, evitando que o dólar se desvalorize em relação ao peso.

Inflação
A inflação voltou a preocupar os argentinos. O aumento dos preços de vários alimentos e dos combustíveis levou o governo argentino a anunciar várias medidas para controlar ou tentar reduzir a alta de preços.
Ontem, as refinarias do país assinaram um acordo que prevê o congelamento do preço dos combustíveis durante os próximos três meses. O acordo, firmado entre as empresas, foi impulsionado pelo governo.
Ontem, o Ministério da Economia também anunciou que deve adotar medidas para conter ou baixar os preços de produtos da cesta básica. As estimativas são que, em 2002, a inflação argentina tenha chegado a 41%, mas, no mesmo período, os preços de alimentos como farinha de trigo, óleo e batatas subiram mais de 150%. O governo analisa desde promover a redução de impostos até impor limite às exportações de alguns produtos.
O governo teme que o reaquecimento da economia, o aumento do turismo interno e alta das exportações abram espaço para a remarcação de preços.
Ontem, o presidente Eduardo Duhalde descartou a hipótese de congelamento compulsório ou limites máximos de preços. Mas confirmou que o governo analisa medidas para conter aumentos.



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