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VIZINHO EM CRISE
Novas medidas visam segurar cotação
Agora, Argentina quer evitar que valor do dólar continue em queda
DE BUENOS AIRES
O governo argentino passou
2002 numa batalha para evitar
que o valor do dólar explodisse.
Agora, enfrenta o problema inverso: desde ontem, passaram a
vigorar medidas cujo objetivo é
manter a cotação do dólar e evitar
que ela siga em queda, como
ocorreu nas últimas semanas.
Em junho do ano passado, um
dólar era vendido, em média, a
3,82 pesos. No primeiro semestre,
a equipe econômica adotou uma
série de medidas para restringir
operações com a moeda estrangeira e controlar a cotação do dólar. O Banco Central vendia dólares todos os dias a uma taxa pré-determinada, as empresas tinham
limites mensais para operar, as
operações dependiam de autorização do Banco Central.
A cotação da moeda começou a
baixar. Ontem, o dólar fechou em
3,38 pesos. A queda, no entanto,
alimenta o receio de que um dólar
muito barato volte a prejudicar a
indústria local -um dos principais problemas enfrentados pela
Argentina nos últimos anos.
Avalia-se que o governo não
deixará a cotação baixar para menos do que 3,30 pesos por dólar.
Desde ontem, o limite mensal para compra de dólares para empresas e investidores subiu de US$
100 mil para US$ 150 mil. Na semana passada, o BC parou de
vender dólares diariamente e não
estabelece mais uma taxa de câmbio para o varejo, como vinha fazendo. As restrições para remessa
de dólares ao exterior, para pagar
importações e dívidas de empresas, também diminuíram.
Todas as medidas, espera o governo, devem contribuir para a
maior procura pela moeda norte-americana, evitando que o dólar
se desvalorize em relação ao peso.
Inflação
A inflação voltou a preocupar os
argentinos. O aumento dos preços de vários alimentos e dos
combustíveis levou o governo argentino a anunciar várias medidas para controlar ou tentar reduzir a alta de preços.
Ontem, as refinarias do país assinaram um acordo que prevê o
congelamento do preço dos combustíveis durante os próximos
três meses. O acordo, firmado entre as empresas, foi impulsionado
pelo governo.
Ontem, o Ministério da Economia também anunciou que deve
adotar medidas para conter ou
baixar os preços de produtos da
cesta básica. As estimativas são
que, em 2002, a inflação argentina
tenha chegado a 41%, mas, no
mesmo período, os preços de alimentos como farinha de trigo,
óleo e batatas subiram mais de
150%. O governo analisa desde
promover a redução de impostos
até impor limite às exportações de
alguns produtos.
O governo teme que o reaquecimento da economia, o aumento
do turismo interno e alta das exportações abram espaço para a
remarcação de preços.
Ontem, o presidente Eduardo
Duhalde descartou a hipótese de
congelamento compulsório ou limites máximos de preços. Mas
confirmou que o governo analisa
medidas para conter aumentos.
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