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NEGÓCIOS
Fundos detêm 36% das ações
Fundos do Deutsche investem na Eucatex
DA REPORTAGEM LOCAL
Três fundos constituídos pelo
Deutsche Bank detêm 36% das
ações ordinárias e 29% das ações
preferenciais da Eucatex S.A. Indústria e Comércio, empresa da
família de Paulo Maluf (PPB). A
Eucatex é presidida por Flávio
Maluf, filho do ex-prefeito de São
Paulo (1993-1996).
Pelo menos US$ 28,5 milhões
usados na compra da participação dos fundos na empresa saíram de uma subsidiária Deutsche
em Jersey no dia 21 de agosto de
1997. O dinheiro passou por uma
agência do Deutsche em Nova
York antes de chegar ao Brasil.
Os fundos do Deutsche -e um
quarto fundo constituído nas Antilhas Holandesas, que deixou a
Eucatex no ano passado- passaram a investir na companhia em
1997, meses depois de o ex-prefeito ter assumido o controle da empresa. Em 20 de dezembro de
1996, Maluf fez um acordo com
Roberto, irmão dele, que até então controlava a Eucatex.
As informações sobre a participação acionária dos fundos na
Eucatex estão disponíveis desde
1998 na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). No relatório
anual referente a 1997 e enviado
em 1998 pela Eucatex à CVM dois
dos fundos do Deutsche aparecem com nacionalidade brasileira
e são identificados por meio de
CGC -hoje CNPJ, Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas- do
banco alemão no Brasil. O terceiro fundo do Deutsche é alemão.
O ingresso dos fundos do
Deutsche na Eucatex ocorreu por
meio de uma emissão de debêntures realizada em 1997.
Foram emitidas 15 mil debêntures, no valor total de R$ 150 milhões. Os papéis previam o pagamento, ao comprador, de rendimento fixo -calculado a partir
do IGP-M mais 6% de juros ao
ano, ou seja, taxa semelhante à da
caderneta de poupança-, além
de remuneração variável e proporcional aos lucros da empresa.
Cada debênture era também
conversível em 20 mil ações da
Eucatex, sendo 33% ordinárias
(com direito a voto na empresa) e
67% preferenciais (com preferência no recebimento dos dividendos). Se o comprador optasse pela
conversão, perderia o rendimento fixo (IGP-M e 6% ao ano) e receberia retornos variáveis e dependentes dos lucros da empresa.
Segundo documentação da Eucatex, os fundos do banco alemão
optaram pela conversão das debêntures. A conversão foi concluída no segundo trimestre de
1998. Essa operação elevou em
62,5% o capital social da Eucatex,
que passou de R$ 130,3 milhões
para R$ 211,8 milhões.
A conversão das debêntures foi
feita apesar do cenário ruim da
economia brasileira, abalada em
1997 pela crise asiática. O governo
elevara os juros para evitar o contágio no Brasil -o que, para a
maioria dos grandes investidores,
tornou mais atrativa a aplicação
em renda fixa do que o investimento em uma empresa que já vinha enfrentando dificuldades.
Ao abrir mão do rendimento fixo que seria proporcionado pelas
debêntures, os fundos do Deutsche ficaram dependendo dos
eventuais dividendos distribuídos
pela empresa -o que não houve.
A Eucatex não distribui dividendos desde 1995, quando se avolumaram os resultados negativos.
Naquele ano, os prejuízos, corrigidos para setembro passado
pelo IGP-M, somaram R$ 63,9
milhões. Em 1996, caíram para R$
60,7 milhões e recuaram mais em
1997, para R$ 40,8 milhões.
Em 98, porém, os resultados negativos voltaram a crescer, atingindo R$ 49,6 milhões. No ano seguinte, baixaram para R$ 44,4 milhões. Em 2000, como resultado
de uma reestruturação, os prejuízos foram de R$ 5,9 milhões, o
melhor desempenho no período.
Em 2001, as contas da Eucatex
voltaram a piorar. De janeiro a setembro, os prejuízos somaram R$
67,8 milhões, recorde desde 1995.
Para a diretoria, o principal problema foi a desvalorização do real.
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