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São Paulo, segunda-feira, 03 de fevereiro de 2003

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Carteiras de clientes podem ser transferidas a outras operadoras

DA REPORTAGEM LOCAL

Se os acionistas das operadoras de plano de saúde perdem, no curto prazo, com a precária situação financeira das empresas, é o consumidor que deve levar a pior no médio e longo prazos.
"Quando começam a ter dificuldades financeiras, as empresas passam a atrasar -ou até suspendem- os pagamentos dos seus prestadores de serviços. Aí os médicos, hospitais e laboratórios param de atender os usuários do plano de saúde", diz Walter Hime, diretor-executivo da Aon Risk Service Consulting.
No passado, as empresas iam definhando até quebrarem, deixando os consumidores a ver navios e, na maioria das vezes, sem amparo.
A lei 9.656/98 impede a falência dessas empresas, permitindo que a ANS (Agência de Nacional de Saúde) intervenha na sua administração quando são detectados problemas.
O primeiro passo da ANS nesses casos é pedir às empresas em dificuldades que apresentem um plano de recuperação.
Nos casos mais graves, a agência reguladora faz uma intervenção branca na operadora, chamada de "direção fiscal".
No ano passado, a ANS pediu planos de recuperação a 79 empresas: 34 foram aprovados e 45 estão em análise. Atualmente há, ainda, 51 empresas sob "direção fiscal", ou seja, com um funcionário da agência dentro da empresa, ajudando sua direção a levantar a real situação financeira.

Leilão
Quando a empresa não tem condições de ser recuperada a ANS determina a transferência da carteira de clientes para outra operadora -via leilão ou negociação direta. No ano passado, 13 empresas que sofreram liquidação extrajudicial tiveram seus clientes repassados para outras operadoras.
O monitoramento por parte das autoridades, porém, não basta. Segundo Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora de normas e habilitação de operadoras da ANS, o maior problema das empresas ainda é a qualidade da gestão. "Elas têm de se profissionalizar, pois estão pouco preparadas para fazer frente à complexidade do negócio", diz ela.

Tesoura nos custos
Outra recomendação de Mendes é a redução de custos e de número de procedimentos médicos por meio de regras de prevenção (evitam doenças futuras).
Mas o grande desafio das operadoras de planos de saúde será buscar ganhos de escala (atender a um número maior de usuários), o que, inevitavelmente, levaria a uma concentração do setor em um número menor de empresas.
Trata-se de uma saída de difícil viabilização: "O Estado não induz a uma concentração do setor, pois não se propõe a pôr recursos nas empresas", diz Mendes.
Como há muitas operadoras com problemas -20% delas trabalham atualmente no vermelho- "ninguém quer comprá-las", segundo Mendes.

Cuidado
Enquanto o setor busca o equilíbrio em suas contas, os analistas recomendam aos usuários e contratantes de planos de saúde que fiquem de olho nas empresas.
Antes de contratar um desses planos, Walter Hime, da consultoria Aon, recomenda às empresas que pretendem contratar um plano de saúde para seus empregados que façam uma análise cuidadosa dos balanços da operadora, para tentar verificar possíveis rombos ou antever dificuldades financeiras.
A partir de abril deste ano, todas as operadoras com mais de 20 mil usuários serão obrigadas a publicar balanços. (SB)


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