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Carteiras de clientes podem ser
transferidas a outras operadoras
DA REPORTAGEM LOCAL
Se os acionistas das operadoras
de plano de saúde perdem, no
curto prazo, com a precária situação financeira das empresas, é o
consumidor que deve levar a pior
no médio e longo prazos.
"Quando começam a ter dificuldades financeiras, as empresas
passam a atrasar -ou até suspendem- os pagamentos dos seus
prestadores de serviços. Aí os médicos, hospitais e laboratórios param de atender os usuários do
plano de saúde", diz Walter Hime, diretor-executivo da Aon
Risk Service Consulting.
No passado, as empresas iam
definhando até quebrarem, deixando os consumidores a ver navios e, na maioria das vezes, sem
amparo.
A lei 9.656/98 impede a falência
dessas empresas, permitindo que
a ANS (Agência de Nacional de
Saúde) intervenha na sua administração quando são detectados
problemas.
O primeiro passo da ANS nesses
casos é pedir às empresas em dificuldades que apresentem um plano de recuperação.
Nos casos mais graves, a agência
reguladora faz uma intervenção
branca na operadora, chamada de
"direção fiscal".
No ano passado, a ANS pediu
planos de recuperação a 79 empresas: 34 foram aprovados e 45
estão em análise. Atualmente há,
ainda, 51 empresas sob "direção
fiscal", ou seja, com um funcionário da agência dentro da empresa,
ajudando sua direção a levantar a
real situação financeira.
Leilão
Quando a empresa não tem
condições de ser recuperada a
ANS determina a transferência da
carteira de clientes para outra
operadora -via leilão ou negociação direta. No ano passado, 13
empresas que sofreram liquidação extrajudicial tiveram seus
clientes repassados para outras
operadoras.
O monitoramento por parte das
autoridades, porém, não basta.
Segundo Solange Beatriz Palheiro
Mendes, diretora de normas e habilitação de operadoras da ANS, o
maior problema das empresas
ainda é a qualidade da gestão.
"Elas têm de se profissionalizar,
pois estão pouco preparadas para
fazer frente à complexidade do
negócio", diz ela.
Tesoura nos custos
Outra recomendação de Mendes é a redução de custos e de número de procedimentos médicos
por meio de regras de prevenção
(evitam doenças futuras).
Mas o grande desafio das operadoras de planos de saúde será
buscar ganhos de escala (atender
a um número maior de usuários),
o que, inevitavelmente, levaria a
uma concentração do setor em
um número menor de empresas.
Trata-se de uma saída de difícil
viabilização: "O Estado não induz
a uma concentração do setor, pois
não se propõe a pôr recursos nas
empresas", diz Mendes.
Como há muitas operadoras
com problemas -20% delas trabalham atualmente no vermelho- "ninguém quer comprá-las", segundo Mendes.
Cuidado
Enquanto o setor busca o equilíbrio em suas contas, os analistas
recomendam aos usuários e contratantes de planos de saúde que
fiquem de olho nas empresas.
Antes de contratar um desses
planos, Walter Hime, da consultoria Aon, recomenda às empresas que pretendem contratar um
plano de saúde para seus empregados que façam uma análise cuidadosa dos balanços da operadora, para tentar verificar possíveis
rombos ou antever dificuldades
financeiras.
A partir de abril deste ano, todas
as operadoras com mais de 20 mil
usuários serão obrigadas a publicar balanços.
(SB)
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