São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2004

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REVIRAVOLTA

Moeda norte-americana tem 7ª alta consecutiva e fecha a R$ 2,942

BC não age, mas dólar tem nova alta

DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar comercial acumulou ontem a sétima alta consecutiva. Subiu 0,34%, cotado ao final dos negócios a R$ 2,942. Em sete jornadas, registra alta de 3,56%.
Ao contrário do que ocorria desde que passou a intervir de forma regular no mercado de câmbio (com o argumento de aumentar o nível de reservas), o Banco Central não realizou leilões de compra de dólares.
Na sexta ocorrera o mesmo, mas o BC já havia estipulado que, nos dias de fechamento da Ptax (a taxa média do dólar, que serve para cálculo da remuneração dos títulos indexados ao câmbio), não interviria. Uma alta forte do dólar serviria de pretexto para reajustes de preços, logo, da inflação.
Para o mercado de forma geral, foi mais uma jornada negativa. O Ibovespa, índice que acompanha as 54 ações mais negociadas na Bolsa de São Paulo, fechou em baixa de 0,30%, com volume movimentado de R$ 1,175 bilhão.
Ainda reverberam os efeitos do comunicado divulgado na semana passada do Fed, sinalizando que não deve tardar muito para que suba a taxa básica de juros norte-americana -hoje em 1%.
Um eventual aumento de juros nos EUA faria com que os investidores trocassem papéis dos emergentes pelos dos americanos, tidos como de risco zero. E a ata do BC brasileiro, que, na interpretação do mercado, anulou até abril a chance de corte da Selic -a taxa básica brasileira, em 16,5%.
Como conseqüência, a Bovespa, que chegou a subir quase 10% no mês passado, encerrou o período com perdas de 1,73%. As baixas da Bolsa de São Paulo se concentraram justamente na última semana do mês -queda de 6,9%.
Não bastassem a ata do Copom e a expectativa nos EUA, dois elementos contribuíram ontem para a quarta queda consecutiva nos valores do C-Bond, o principal título da dívida externa brasileira -no período, a queda é de 4,3%.
Primeiro, a decisão do JP Morgan de reduzir a exposição em papéis emergentes em seu portfólio. O Brasil permaneceu como "overweight" (acima da média), mas teve sua participação na carteira reduzida de 26% para 24,5%.
Segundo, o relatório da Standard & Poor's no qual prevê mais rebaixamentos do que elevações de classificação de risco dos países latino-americanos, um aceno de que o "rating" (nota) do Brasil pode não ser elevado neste ano. Resultado: o risco Brasil chegou a subir 10%, para fechar em alta de 6,49%, a 525 pontos.
"Os títulos de todos os emergentes caíram nos últimos dias. Os do Brasil caíram mais porque houve ruídos internos, como a ata do Copom e a questão da independência do BC", diz Alexandre Maia, da Gap Asset Management. (JOSÉ ALAN DIAS)


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