São Paulo, Quarta-feira, 03 de Fevereiro de 1999
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Itamar e Lula criticam mudança no BC

da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), ironizou a mudança ocorrida no Banco Central sugerindo que a substituição de Francisco Lopes por Armínio Fraga Neto na presidência da instituição foi determinada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Itamar, que tem evitado entrevistas desde o último dia 18, quando aconteceu a reunião dos governadores de oposição em Belo Horizonte, falou rapidamente com jornalistas ontem para dizer em tom debochado que estava feliz.
""Estou muito contente. O Brasil tem um novo ministro da Fazenda que é o "mister Fischer" e um novo presidente do Banco Central, que é o doutor Soros. Então vai ficar mais fácil Minas negociar. A gente vai ter de melhorar um pouquinho o inglês".
Ele deu a mesma resposta quando perguntado sobre a declaração do presidente Fernando Henrique Cardoso de que queria ajudar Minas Gerais.
Itamar estava se referindo ao economista-chefe do FMI, Stanley Fischer, e ao megainvestidor George Soros, administrador da Soros Fund, empresa na qual o novo presidente do BC já trabalhou.
O governador mineiro fez a declaração no meio da tarde quando recebia cinco deputados integrantes da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa.

"Subordinação total"
Já o candidato derrotado à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a indicação de Armínio Fraga Neto para a presidência do Banco Central como a "subordinação total, concreta" do país à "agiotagem internacional".
"O presidente Fernando Henrique Cardoso está comprometendo nossa soberania", disse Lula.
Para ele, o Senado deve rejeitar a indicação de Fraga Neto "se tiver um mínimo de juízo". O petista cobrou coerência do presidente do Congresso, senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que declarou "morte aos especuladores", há uma semana.
Covarde, incompetente, submisso e impotente foram alguns dos adjetivos que o petista usou para se referir a FHC. Segundo Lula, a possibilidade de diálogo entre a oposição e o governo está praticamente descartada. "O presidente nunca teve interesse político em discutir com ninguém", disse.
Por isso, a frente de partidos de oposição vai passar a expor suas propostas de política econômica por meio de uma campanha nacional de mobilização, que deve começar no início de março.
Para Lula, existem dois culpados pela crise: FHC e Malan, a quem chamou de "serviçal do capital internacional que não tem compromisso com o Brasil". Fraga Neto foi chamado de testa-de-ferro do megainvestidor George Soros.


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