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SERVIÇOS PÚBLICOS
Projeto de lei de FHC prevê que as agências reguladoras comuniquem aumentos 15 dias antes
Tarifas não poderão subir "de surpresa"
da Sucursal de Brasília
Um projeto de lei enviado ontem pelo presidente Fernando
Henrique Cardoso ao Congresso
Nacional prevê que as agências
reguladoras deverão comunicar
qualquer aumento de tarifa, com
15 dias de antecedência, ao Ministério da Fazenda e aos demais ministérios a que estejam vinculadas.
O projeto enviado por FHC regulamenta o funcionamento e a
contratação de funcionários pelas
agências reguladoras de serviços.
Pela legislação, as agências reguladoras têm autonomia para
conceder aumentos de tarifas
uma vez ao ano. Para o ministro
das Comunicações, Pimenta da
Veiga, a quem a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações)
está vinculada, o objetivo do artigo é "evitar surpresas ao governo"
no aumento de tarifas. Veiga negou que o objetivo real seja submeter os aumentos ao Executivo.
No ano passado, as tarifas de
energia elétrica e telecomunicações subiram, em média, 16,7%.
Esses reajustes pressionaram a inflação para cima e fizeram o governo acompanhar com mais
atenção os reajustes dessas tarifas.
"Os ministérios não têm poder
de vetar o aumento; apenas precisam ser informados com antecedência para não serem pegos de
surpresa", declarou o ministro.
Pimenta da Veiga afirmou que,
até hoje, o ministério sempre foi
comunicado com antecedência
dos aumentos concedidos pela
Anatel. Mesmo assim, essa cláusula é uma prevenção, pois "no
futuro ninguém sabe se o ministro estará entrosado com o presidente da agência".
Segundo o Ministério da Fazenda, a lei que criou o Plano Real, de
94, já previa que todos os aumentos de tarifa deveriam ser comunicados com 15 dias de antecedência ao ministério. Mas essa lei
previu que esse prazo acabava no
final do ano passado, a partir de
quando os aumentos não precisariam mais ser comunicados.
Por isso, o governo incluiu essa
cláusula na regulamentação das
agências, para evitar ser surpreendido por um aumento inesperado.
Reeleição
O projeto de lei regulamenta
ainda a contratação de pessoal pelas agências. De acordo com o
projeto, diretores e presidentes
podem ser reconduzidos ao cargo, o que não era permitido.
Ao comentar o projeto, Pimenta da Veiga disse que, se depender
dele, o presidente da Anatel, Renato Guerreiro, continuará no
cargo por mais três anos.
O mandato de Guerreiro termina em 5 de novembro, mas Pimenta da Veiga afirmou não ter
motivos para substituí-lo. "Depende apenas do Guerreiro. Se ele
quiser, continua no cargo."
(OTÁVIO CABRAL)
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