São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2000


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SUCESSÃO
EUA ainda rejeitam candidatura de Koch-Weser
Candidato da União Européia vence "eleição informal" no FMI

MARCIO AITH
de Washington

O candidato da União Européia para a direção do FMI, Caio Koch-Weser, recebeu ontem o maior número de votos na consulta feita entre os 24 diretores-executivos da instituição.
O atual diretor-gerente interino do Fundo, Stanley Fischer, recebeu a segunda maior votação, seguido pelo ex-ministro japonês para assuntos internacionais Eisuke Sakakibara.
A votação, secreta, foi feita para quebrar o impasse no processo de sucessão do francês Michel Camdessus no cargo de diretor-gerente. Segundo o FMI, que não divulgou o número de votos de cada candidato, 36% dos votantes se abstiveram.
Com base no resultado de ontem, os diretores-executivos vão sugerir a Sakakibara que desista de sua candidatura e continuarão as negociações para tentar chegar a um consenso ou definir o assunto por meio de uma segunda votação.
O governo brasileiro decidiu apoiar "discretamente" o candidato indicado pela União Européia para o comando do FMI. A orientação foi dada ontem pelo ministério da Fazenda ao diretor-executivo brasileiro no Fundo, Murilo Portugal.
Aproveitando-se do fato de a votação ser secreta, o governo brasileiro decidiu não divulgar seu voto por achar que não seria adequado engajar-se publicamente em nenhuma das três candidaturas.
A candidatura de Stanley Fischer, nascido na Zâmbia e naturalizado norte-americano, foi lançada por um grupo de 20 países africanos. Sakakibara foi indicado pelo Japão.
Os EUA (país com o maior número de cotas e, portanto, de ações com direito a voto) não indicaram oficialmente o apoio a nenhum candidato, embora suspeite-se que estejam por trás da candidatura Fischer.
Nascido na Zâmbia e naturalizado norte-americano, Fischer é um técnico de confiança da Casa Branca e do secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers. Fischer transferiu-se do Banco Mundial para o FMI em 1994 por indicação dos norte-americanos.
A disputa pela sucessão de Camdessus foi criada pela decisão dos EUA de rejeitar publicamente, há dois meses, a indicação de Koch-Weser para o cargo.
Os EUA argumentaram que o alemão não tem a experiência nem a liderança necessárias para dirigir a instituição. A disputa ficou ainda mais acirrada depois que os europeus suspeitaram que os EUA teriam "usado" os votos africanos para lançar Fischer sem romper um pacto de décadas com a Europa.
Por tradição, o FMI é dirigido por um europeu, enquanto os EUA indicam seu vice e o presidente do Bird (Banco Mundial). Desde a criação do Fundo, em 1944, os europeus indicaram todos os diretores-gerentes da instituição e viam a chefia do FMI como uma espécie de "cargo europeu" em Washington.
Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, parecia ter recuado ao dizer que "não tem nada contra um candidato alemão" e que o próximo diretor-gerente do fundo deve mesmo ser da Europa.


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