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SUCESSÃO
EUA ainda rejeitam candidatura de Koch-Weser
Candidato da União Européia vence "eleição informal" no FMI
MARCIO AITH
de Washington
O candidato da União Européia
para a direção do FMI, Caio
Koch-Weser, recebeu ontem o
maior número de votos na consulta feita entre os 24 diretores-executivos da instituição.
O atual diretor-gerente interino
do Fundo, Stanley Fischer, recebeu a segunda maior votação, seguido pelo ex-ministro japonês
para assuntos internacionais Eisuke Sakakibara.
A votação, secreta, foi feita para
quebrar o impasse no processo de
sucessão do francês Michel Camdessus no cargo de diretor-gerente. Segundo o FMI, que não divulgou o número de votos de cada
candidato, 36% dos votantes se
abstiveram.
Com base no resultado de ontem, os diretores-executivos vão
sugerir a Sakakibara que desista
de sua candidatura e continuarão
as negociações para tentar chegar
a um consenso ou definir o assunto por meio de uma segunda votação.
O governo brasileiro decidiu
apoiar "discretamente" o candidato indicado pela União Européia para o comando do FMI. A
orientação foi dada ontem pelo
ministério da Fazenda ao diretor-executivo brasileiro no Fundo,
Murilo Portugal.
Aproveitando-se do fato de a
votação ser secreta, o governo
brasileiro decidiu não divulgar
seu voto por achar que não seria
adequado engajar-se publicamente em nenhuma das três candidaturas.
A candidatura de Stanley Fischer, nascido na Zâmbia e naturalizado norte-americano, foi lançada por um grupo de 20 países africanos. Sakakibara foi indicado
pelo Japão.
Os EUA (país com o maior número de cotas e, portanto, de
ações com direito a voto) não indicaram oficialmente o apoio a
nenhum candidato, embora suspeite-se que estejam por trás da
candidatura Fischer.
Nascido na Zâmbia e naturalizado norte-americano, Fischer é
um técnico de confiança da Casa
Branca e do secretário do Tesouro
dos EUA, Lawrence Summers.
Fischer transferiu-se do Banco
Mundial para o FMI em 1994 por
indicação dos norte-americanos.
A disputa pela sucessão de
Camdessus foi criada pela decisão
dos EUA de rejeitar publicamente, há dois meses, a indicação de
Koch-Weser para o cargo.
Os EUA argumentaram que o
alemão não tem a experiência
nem a liderança necessárias para
dirigir a instituição. A disputa ficou ainda mais acirrada depois
que os europeus suspeitaram que
os EUA teriam "usado" os votos
africanos para lançar Fischer sem
romper um pacto de décadas com
a Europa.
Por tradição, o FMI é dirigido
por um europeu, enquanto os
EUA indicam seu vice e o presidente do Bird (Banco Mundial).
Desde a criação do Fundo, em
1944, os europeus indicaram todos os diretores-gerentes da instituição e viam a chefia do FMI como uma espécie de "cargo europeu" em Washington.
Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, parecia
ter recuado ao dizer que "não tem
nada contra um candidato alemão" e que o próximo diretor-gerente do fundo deve mesmo ser
da Europa.
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