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Gleizer discorda de megasuperávits
da Sucursal de Brasília
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Daniel Gleizer, discordou ontem
da necessidade de o país registrar megasuperávits na balança
comercial para cobrir o saldo
negativo nas transações correntes (o resultado de todas as transações de bens e de serviços do
país com o exterior).
A tese foi defendida pelo novo
secretário-executivo da Camex
(Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca, em entrevista na Folha do
último domingo.
Ontem, ao tomar posse, Giannetti evitou o termo "megasuperávit". Mas mencionou em
seu discurso que o país deverá
gerar saldo comercial suficiente
para compensar, mesmo que
parcialmente, o déficit estrutural na balança de serviços, que
inclui gastos com viagens e
transporte, por exemplo.
"Eu não gosto da idéia de megasuperávits comerciais em
economias em desenvolvimento, como a brasileira", declarou
Gleizer, pouco antes do início
do discurso de posse Giannetti.
"É razoável supor que você
precise ter a garantia de sustentabilidade nas contas externas
em médio e longo prazos. Isso
não passa, necessariamente, por
megasuperávits."
Segundo Gleizer, economias
em desenvolvimento, como o
Brasil, são importadoras de capitais. Ou seja, precisam de recursos estrangeiros -sejam
aqueles obtidos por meio de
empréstimos e financiamentos,
como aqueles que entram como
investimentos diretos (para os
setores produtivos).
O diretor completou que, no
raciocínio seguido por Giannetti, essa atratividade tenderia a
acabar ou a diminuir em algum
momento. Ou seja, o Brasil passaria a remeter mais lucros e dividendos de investimentos e
também a pagar mais juros de
empréstimos externos do que
os recursos que receberia.
Segundo ele, o ingresso de investimentos diretos no Brasil
deverá continuar, principalmente por conta do crescimento econômico. Ele concordou
com Giannetti na tese de que superávits comerciais são importantes se baseados no aumento
das exportações.
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