São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2000


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Gleizer discorda de megasuperávits

da Sucursal de Brasília

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Daniel Gleizer, discordou ontem da necessidade de o país registrar megasuperávits na balança comercial para cobrir o saldo negativo nas transações correntes (o resultado de todas as transações de bens e de serviços do país com o exterior).
A tese foi defendida pelo novo secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca, em entrevista na Folha do último domingo.
Ontem, ao tomar posse, Giannetti evitou o termo "megasuperávit". Mas mencionou em seu discurso que o país deverá gerar saldo comercial suficiente para compensar, mesmo que parcialmente, o déficit estrutural na balança de serviços, que inclui gastos com viagens e transporte, por exemplo.
"Eu não gosto da idéia de megasuperávits comerciais em economias em desenvolvimento, como a brasileira", declarou Gleizer, pouco antes do início do discurso de posse Giannetti.
"É razoável supor que você precise ter a garantia de sustentabilidade nas contas externas em médio e longo prazos. Isso não passa, necessariamente, por megasuperávits."
Segundo Gleizer, economias em desenvolvimento, como o Brasil, são importadoras de capitais. Ou seja, precisam de recursos estrangeiros -sejam aqueles obtidos por meio de empréstimos e financiamentos, como aqueles que entram como investimentos diretos (para os setores produtivos).
O diretor completou que, no raciocínio seguido por Giannetti, essa atratividade tenderia a acabar ou a diminuir em algum momento. Ou seja, o Brasil passaria a remeter mais lucros e dividendos de investimentos e também a pagar mais juros de empréstimos externos do que os recursos que receberia.
Segundo ele, o ingresso de investimentos diretos no Brasil deverá continuar, principalmente por conta do crescimento econômico. Ele concordou com Giannetti na tese de que superávits comerciais são importantes se baseados no aumento das exportações.



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