São Paulo, domingo, 03 de março de 2002

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BANCOS

Bens de Andrade Vieira também devem ser liberados

BC pode encerrar liquidação do Bamerindus até o final do mês

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central estuda liberar os bens do ex-ministro, ex-senador e ex-banqueiro José Eduardo Andrade Vieira e encerrar a liquidação do Bamerindus, que tem quase cinco anos. A decisão deve sair até o fim do mês.
O diretor de Finanças Públicas do BC, Carlos Eduardo de Freitas, disse que os objetivos da medida em estudo são "pacificar a relação com os ex-controladores e encerrar ações judiciais".
Depois de fazerem ameaças veladas, os ex-controladores e os acionistas minoritários endureceram o diálogo com o BC.
Andrade Vieira foi um dos maiores financiadores de FHC naquele ano. Em 1997, deixou o Ministério da Agricultura magoado com FHC porque ele não impediu que o BC transferisse o controle do Bamerindus para o banco britânico HSBC.
Desde então, Andrade Vieira vem fazendo insinuações sobre irregularidades cometidas pela equipe econômica e a existência de um caixa-dois na campanha que FHC em 1994. Não mostra provas do que diz. "Serão reveladas no momento oportuno", repetiu várias vezes.
O modelo em estudo no BC prevê que Andrade Vieira seja o único ex-controlador dos bancos falidos atendidos pelo Proer a ter seus bens liberados do bloqueio imposto em cada intervenção.
Ângelo Calmon de Sá, do Econômico, e a família Magalhães Pinto, do Nacional, continuariam proibidos de dispor de seu patrimônio pessoal, que continuará servindo como garantia de pagamento aos credores.
"É uma fórmula engenhosa, montada pelo Sérgio Prates [liquidante do Bamerindus] em que o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) compraria os créditos do BC e de outros pequenos credores e pagaria em determinados prazos", resumiu Freitas. A proposta também prevê o pagamento de indenização aos acionistas minoritários, o que seria inédito.
Segundo o diretor, a solução em estudo também serviria para "evitar novas trapalhadas na liquidação" do Bamerindus. Quatro ex-liquidantes estão sendo investigados pela CPI do Proer e foram denunciados pelo próprio BC ao Ministério Público.
Segundo carta assinada pela diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi, em dezembro do ano passado, foram apurados fatos que "configuram indícios de crime" cometidos pelos ex-liquidantes, entre eles Flávio de Souza Siqueira, Gilberto Loscilha, Antônio Aldemir Toledo e Valdir da Costa Frazão.
Entre 1997 e 1999, período em que Flávio Siqueira respondeu pela liquidação do Bamerindus, seu patrimônio declarado à Receita Federal saltou de R$ 769 mil para R$ 1,757 milhão. O ex-liquidante teve seu sigilo bancário quebrado e deverá ser reconvocado a depor na CPI do Proer.
Procurados pela Folha na última sexta-feira, José Eduardo Andrade Vieira e seu advogado, Roberto Bertoldo, não foram encontrados para comentar a proposta feita ao BC que liberaria os bens pessoais do ex-controlador do Bamerindus.


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