|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BANCOS
Bens de Andrade Vieira também devem ser liberados
BC pode encerrar liquidação do Bamerindus até o final do mês
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central estuda liberar
os bens do ex-ministro, ex-senador e ex-banqueiro José Eduardo
Andrade Vieira e encerrar a liquidação do Bamerindus, que tem
quase cinco anos. A decisão deve
sair até o fim do mês.
O diretor de Finanças Públicas
do BC, Carlos Eduardo de Freitas,
disse que os objetivos da medida
em estudo são "pacificar a relação
com os ex-controladores e encerrar ações judiciais".
Depois de fazerem ameaças veladas, os ex-controladores e os
acionistas minoritários endureceram o diálogo com o BC.
Andrade Vieira foi um dos
maiores financiadores de FHC
naquele ano. Em 1997, deixou o
Ministério da Agricultura magoado com FHC porque ele não impediu que o BC transferisse o controle do Bamerindus para o banco
britânico HSBC.
Desde então, Andrade Vieira
vem fazendo insinuações sobre
irregularidades cometidas pela
equipe econômica e a existência
de um caixa-dois na campanha
que FHC em 1994. Não mostra
provas do que diz. "Serão reveladas no momento oportuno", repetiu várias vezes.
O modelo em estudo no BC prevê que Andrade Vieira seja o único ex-controlador dos bancos falidos atendidos pelo Proer a ter
seus bens liberados do bloqueio
imposto em cada intervenção.
Ângelo Calmon de Sá, do Econômico, e a família Magalhães
Pinto, do Nacional, continuariam
proibidos de dispor de seu patrimônio pessoal, que continuará
servindo como garantia de pagamento aos credores.
"É uma fórmula engenhosa,
montada pelo Sérgio Prates [liquidante do Bamerindus] em que
o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) compraria os créditos do BC
e de outros pequenos credores e
pagaria em determinados prazos", resumiu Freitas. A proposta
também prevê o pagamento de
indenização aos acionistas minoritários, o que seria inédito.
Segundo o diretor, a solução em
estudo também serviria para "evitar novas trapalhadas na liquidação" do Bamerindus. Quatro ex-liquidantes estão sendo investigados pela CPI do Proer e foram denunciados pelo próprio BC ao
Ministério Público.
Segundo carta assinada pela diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi, em dezembro do ano
passado, foram apurados fatos
que "configuram indícios de crime" cometidos pelos ex-liquidantes, entre eles Flávio de Souza Siqueira, Gilberto Loscilha, Antônio Aldemir Toledo e Valdir da
Costa Frazão.
Entre 1997 e 1999, período em
que Flávio Siqueira respondeu
pela liquidação do Bamerindus,
seu patrimônio declarado à Receita Federal saltou de R$ 769 mil
para R$ 1,757 milhão. O ex-liquidante teve seu sigilo bancário
quebrado e deverá ser reconvocado a depor na CPI do Proer.
Procurados pela Folha na última sexta-feira, José Eduardo Andrade Vieira e seu advogado, Roberto Bertoldo, não foram encontrados para comentar a proposta
feita ao BC que liberaria os bens
pessoais do ex-controlador do
Bamerindus.
Texto Anterior: Nova concorrência não deve derrubar preços Próximo Texto: Privatizações: Governo revê previsão de receita com privatizações para 2002 Índice
|