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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Ações do setor figuraram entre as mais rentáveis no ano passado, mas no 2º semestre situação pode mudar

Siderurgia ainda pode dar lucro em 2003

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das melhores opções de investimento no mercado acionário em 2002, o setor de siderurgia ainda demonstra fôlego para valorização nos próximos meses, segundo analistas. Os bons ventos, porém, podem se reduzir no segundo semestre, se houver queda de preços de produtos do setor no mercado internacional.
Cinco das ações de siderurgia figuram entre os 19 papéis que tiveram nos últimos 12 meses (até 25 de fevereiro) valorização positiva em reais, acima da valorização do dólar, do IGP-DI e do índice Ibovespa (que mede a variação do preço das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo).
Os cinco papéis da mostra são Belgo Mineira PN (campeão, com valorização nominal de 141,2%) e ON, Companhia Siderúrgica Tubarão PN, Companhia Siderúrgica Nacional ON e Acesita PN.
A análise é da Economática, que avaliou o desempenho de 402 ações negociadas na Bolsa e selecionou as que tiveram naquele período volume financeiro médio diário superior a R$ 100 mil, por serem de maior liquidez.
O setor, considerado um porto relativamente seguro, vai bem, como poucos no Brasil. No ano passado, seu faturamento cresceu 32,8% e chegou a R$ 26,7 bilhões, segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia. Exportadoras, as empresas se beneficiaram da alta do dólar e da elevação dos preços do aço no mercado internacional.
Apesar de não ter os problemas de regulamentação -das empresas de energia elétrica- e de tarifas -como as de telefonia-, tampouco o risco de intervencionismo governamental que paira sobre o setor de petróleo, a projeção de crescimento em 2003 para as siderúrgicas é de apenas 7%.
Alguns analistas temem que o setor venha a sofrer um revés a partir de agosto porque a produção mundial está muito aquecida.
"Ela cresce a cada mês. Em dezembro de 2002, a produção mundial aumentou 10% em relação à de dezembro de 2001", diz Rony Stefano, da BBV corretora.
Para analistas, ações do setor ainda merecem ser compradas ou ao menos mantidas, mas há divergências quanto à escolha.
Para alguns, todos os papéis teriam recomendação positiva, menos Usiminas.
"Está muito endividada, com margens comparativamente inferiores à CSN, sua principal concorrente. Ainda terá a competição em aços planos com a Vega do Sul e, além disso, já está no preço que consideramos justo", diz Stefano.
Dentre as mais recomendadas por uma boa parte de corretoras estão as ações da Gerdau.
"Tem um volume maior no mercado interno e um pouco mais de liberdade para ajustar valores, por ter menos ligação com preços internacionais. A sua forte distribuição, segmentada, dificulta a entrada de novo concorrente", afirma Stefano.
"A Gerdau subiu menos nos últimos dois meses porque já havia ido bem anteriormente", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner, ao indicar o espaço para valorização dos papéis do grupo.
Algumas corretoras também sugerem a compra de Acesita PN, que reduziu sua dívida com a venda de sua participação na CST, mas há ressalvas.
Há quem afirme considerar o papel atrativo, mas não sugira a compra dos papéis ainda. Segundo analistas, a empresa tem que aumentar sua rentabilidade.
O mercado aguarda para avaliar eventuais desdobramentos da declaração do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, de que o governo poderá adotar medidas contra o setor, como um imposto sobre exportações, caso persista a elevação de preços que considera injustificada.


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