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MERCADO FINANCEIRO
Ações do setor figuraram entre as mais rentáveis no ano passado, mas no 2º semestre situação pode mudar
Siderurgia ainda pode dar lucro em 2003
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das melhores opções de
investimento no mercado acionário em 2002, o setor de siderurgia
ainda demonstra fôlego para valorização nos próximos meses, segundo analistas. Os bons ventos,
porém, podem se reduzir no segundo semestre, se houver queda
de preços de produtos do setor no
mercado internacional.
Cinco das ações de siderurgia figuram entre os 19 papéis que tiveram nos últimos 12 meses (até 25
de fevereiro) valorização positiva
em reais, acima da valorização do
dólar, do IGP-DI e do índice Ibovespa (que mede a variação do
preço das ações mais negociadas
na Bolsa de Valores de São Paulo).
Os cinco papéis da mostra são
Belgo Mineira PN (campeão, com
valorização nominal de 141,2%) e
ON, Companhia Siderúrgica Tubarão PN, Companhia Siderúrgica Nacional ON e Acesita PN.
A análise é da Economática, que
avaliou o desempenho de 402
ações negociadas na Bolsa e selecionou as que tiveram naquele
período volume financeiro médio
diário superior a R$ 100 mil, por
serem de maior liquidez.
O setor, considerado um porto
relativamente seguro, vai bem,
como poucos no Brasil. No ano
passado, seu faturamento cresceu
32,8% e chegou a R$ 26,7 bilhões,
segundo o Instituto Brasileiro de
Siderurgia. Exportadoras, as empresas se beneficiaram da alta do
dólar e da elevação dos preços do
aço no mercado internacional.
Apesar de não ter os problemas
de regulamentação -das empresas de energia elétrica- e de tarifas -como as de telefonia-,
tampouco o risco de intervencionismo governamental que paira
sobre o setor de petróleo, a projeção de crescimento em 2003 para
as siderúrgicas é de apenas 7%.
Alguns analistas temem que o
setor venha a sofrer um revés a
partir de agosto porque a produção mundial está muito aquecida.
"Ela cresce a cada mês. Em dezembro de 2002, a produção
mundial aumentou 10% em relação à de dezembro de 2001", diz
Rony Stefano, da BBV corretora.
Para analistas, ações do setor
ainda merecem ser compradas ou
ao menos mantidas, mas há divergências quanto à escolha.
Para alguns, todos os papéis teriam recomendação positiva, menos Usiminas.
"Está muito endividada, com
margens comparativamente inferiores à CSN, sua principal concorrente. Ainda terá a competição
em aços planos com a Vega do Sul
e, além disso, já está no preço que
consideramos justo", diz Stefano.
Dentre as mais recomendadas
por uma boa parte de corretoras
estão as ações da Gerdau.
"Tem um volume maior no
mercado interno e um pouco
mais de liberdade para ajustar valores, por ter menos ligação com
preços internacionais. A sua forte
distribuição, segmentada, dificulta a entrada de novo concorrente", afirma Stefano.
"A Gerdau subiu menos nos últimos dois meses porque já havia
ido bem anteriormente", diz Luiz
Antonio Vaz das Neves, diretor da
corretora Planner, ao indicar o espaço para valorização dos papéis
do grupo.
Algumas corretoras também
sugerem a compra de Acesita PN,
que reduziu sua dívida com a venda de sua participação na CST,
mas há ressalvas.
Há quem afirme considerar o
papel atrativo, mas não sugira a
compra dos papéis ainda. Segundo analistas, a empresa tem que
aumentar sua rentabilidade.
O mercado aguarda para avaliar
eventuais desdobramentos da declaração do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, de que o governo poderá adotar medidas contra o setor, como
um imposto sobre exportações,
caso persista a elevação de preços
que considera injustificada.
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