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AGENDA POSITIVA
A partir de 2005, meta de superávit primário vai variar segundo o desempenho do PIB, diz ministro Palocci
Aperto fiscal será vinculado ao crescimento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) anunciou para
2005 a adoção de metas de superávit primário vinculadas ao crescimento da economia.
Pelo mecanismo, o governo
pretende economizar mais quando o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, o total de riquezas produzidas pelo país) ficar
acima do previsto. Caso o desempenho da economia fique abaixo
da previsão, como em 2003, o governo poderia elevar seus gastos.
Superávit primário é o resultado das receitas menos as despesas
do governo, excluindo os gastos
com juros. Segundo o ministro, a
medida vai permitir que o governo não eleve o aperto fiscal em
anos de crescimento baixo.
O anúncio veio alguns dias após
a divulgação de que a economia
brasileira registrou uma queda de
0,2% no PIB em 2003, o primeiro
ano do governo Luiz Inácio Lula
da Silva. Esse desempenho gerou
críticas à política econômica.
As declarações do ministro foram dadas durante entrevista ao
"Bom Dia Brasil", da TV Globo.
Depois, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, confirmou à Folha que o governo vai
adotar no próximo ano um superávit anticíclico, proposta defendida desde 2003 pelo senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), um
dos principais críticos da política
econômica entre os governistas.
Além de confirmar a mudança,
Mantega afirmou que as metas de
superávit primário de 4,25% do
PIB até 2007, previstas no PPA
(Plano Plurianual), são apenas indicativas. De acordo com ele, a
meta de cada ano será definida
anualmente. "O superávit do PPA
é apenas indicativo. O que vale é
que a cada ano, quando você
manda o Orçamento, crava-se o
superávit que se quer fazer no ano
seguinte. As metas podem ser
modificadas. Como vamos introduzir a flutuação anticíclica em
2005, certamente elas sofrerão
mudança", disse o ministro.
FMI
Questionado sobre a meta de
2005, quando acaba o acordo do
país com o FMI (Fundo Monetário Internacional), Palocci disse:
"O que vamos fazer no ano que
vem não é reduzir nem aumentar
o superávit. É introduzir a idéia de
um superávit que seja variável
com o crescimento econômico".
A mudança nessas metas é uma
reivindicação da ala governista
que se contrapõe à política conduzida por Palocci.
Pela Lei de Responsabilidade
Fiscal, a meta de superávit primário deve ser fixada pela LDO (Lei
de Diretrizes Orçamentárias), que
é enviada no dia 15 de abril para o
Congresso Nacional. Até lá, o governo espera concluir a fórmula
do mecanismo anticíclico.
Segundo Mantega, deverá ser fixada uma meta para o PIB e outra
para o superávit. Se o PIB crescer
mais que o previsto, cria-se uma
reserva para gastos em época de
necessidade. Do contrário, a economia de receitas (superávit) é revista para baixo.
Caso Waldomiro
Palocci também disse que o país
não pode parar devido às denúncias que envolvem o ex-assessor
parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz. "Seria um absurdo se
o Brasil parasse em termos de sua
agenda, em relação a situações como essa. As coisas acontecem, vão
acontecer outras vezes e fazem
parte do cenário político", disse.
Diniz é acusado de negociar
com bicheiros o favorecimento
em concorrências, em troca de
propinas e contribuições para
campanhas eleitorais.
Segundo Palocci, o país tem instituições fortes em que se deve
confiar. "As forças da economia
não se abalam com situações como essa, que são problemáticas
de fato, são momentos de tensão
que ocorrem entre os poderes,
mas nós devemos ter serenidade,
porque o Brasil tem instituições
fortes", disse o ministro.
Para Palocci, o país precisa confiar em suas instituições para investigar o caso. "O Brasil tem o
Ministério Público, tem o seu Legislativo, tem as ações do Executivo. Temos que confiar que essas
instituições têm maturidade, capacidade e independência para
realizar aquilo que tem de ser realizado diante de situações como
essa: apurar as coisas corretamente e tomar as decisões que tiverem
que ser tomadas", afirmou.
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