São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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Lula pede ajuda a Bush para falar com FMI

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem para o colega americano, George W. Bush, e pediu que os Estados Unidos lhe ajudem nas negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) por mudanças no cálculo do superávit primário (as economias feitas para o pagamento da dívida pública).
O Brasil quer que os recursos aplicados em investimentos pelas estatais dos países que integram o Fundo não sejam calculados como gasto, o que afeta as contas públicas.
Uma das críticas feitas ao governo Lula é que a retração da economia seria provocada pela atual meta de superávit primário (de 4,25% do PIB), que "engessa" os investimentos feitos pelo Brasil.
O apoio americano é bastante importante para o Brasil. Os Estados Unidos são o país com maior poder de decisão no Fundo, com 17,14% dos votos. O Brasil detém apenas 1,41% dos votos.
No telefonema, ao pedir o apoio dos representantes americanos no FMI, Lula argumentou que é necessário haver um aumento de investimentos em infra-estrutura na América Latina. Bush, no entanto, não se comprometeu com o brasileiro. Disse apenas que analisaria a proposta e que voltaria a tratar do assunto no futuro. Não há data marcada para uma nova conversa, segundo o porta-voz da Presidência, André Singer.
Singer disse que o presidente Lula fez o mesmo apelo ontem ao presidente do governo espanhol, José María Aznar, e nos próximos dias também tentará mobilizar o presidente Jacques Chirac (França) e os primeiros-ministros Tony Blair (Reino Unido) e Gerhard Schröeder (Alemanha).
A necessidade de haver um aumento nos investimentos em infra-estrutura já havia sido discutida no domingo, num churrasco na Granja do Torto, entre Lula e o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler.
Na conversa de 15 minutos com George W. Bush, de acordo com Singer, Lula também pediu que os EUA "apóiem as propostas de alteração na sistemática de acordos preventivos do FMI com os países da América Latina" e levem em conta a recuperação econômica da Argentina.
(RICARDO WESTIN)


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