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AGENDA POSITIVA
Para ministro do Planejamento, inflação não preocupa mais
BC já pode baixar juros, diz Mantega
SILVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, disse ontem à
Folha que a inflação não preocupa e que o Banco Central já poderá começar a baixar a taxa básica
de juros (Selic), atualmente em
16,5% ao ano.
"Podemos ficar tranqüilos em
relação à inflação, o que significa
que o BC já poderá voltar a baixar
as taxas de juros", disse. O ministro explicou que a inflação de janeiro, que preocupou mais o Banco Central, foi sazonal (aumentos
típicos do mês, como o de produtos agrícolas, que tiveram preços
elevados por causas das chuvas).
Segundo o ministro, o BC só
não baixou as taxas de juros na última reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária, formado
pela diretoria e pelo presidente do
BC), no mês passado, porque procura ser "prudente". "É o PPP:
Prudente por Profissão", brincou,
em alusão às Parcerias Público-Privadas, que busca aprovar no
Congresso Nacional.
Na ata do Copom, porém, o BC
avalia que "há uma probabilidade
concreta de que a inflação volte a
se desviar da trajetória de metas, o
que requer cautela adicional da
política monetária".
Para o BC, mesmo que a alta de
inflação possa ser sazonal, "o
cumprimento da meta requererá
maior cautela da política monetária do que anteriormente previsto, tendo em vista o resultado de
janeiro e as expectativas para o
curto prazo".
A decisão do BC gerou críticas
do setor produtivo. Com juros altos, fica mais difícil para as empresas captarem empréstimos. O
custo também restringe acesso
dos consumidores aos crediários,
o que sufoca a economia.
Mantega lembrou que a inflação
dos últimos 12 meses medida pelo
IGP-M (Índice Geral de Preços do
Mercado) já está em 5,5%. Em dezembro, essa taxa anualizada era
de 8,71%.
Um dos indicativos de que não é
difícil a tarefa de atingir a meta de
5,5% de inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano é dado, segundo
Mantega, pelo IGP-M.
"Esforço maior foi sair de 30%
para 9% no ano passado", disse.
Analistas estimavam no início do
ano passado uma inflação de 30%
para 2003. Mas a inflação do IPCA
foi de 9,3%.
A meta de inflação perseguida
pelo Banco Central é de 5,5% para
2004, mas o sistema admite um
desvio de 2,5 pontos percentuais
para cima ou para baixo.
Dívida pública
Questionado sobre a sustentabilidade da dívida pública com uma
taxa de juros de 16,5% ao ano,
Mantega afirmou apenas que "a
taxa de juros nominal vai continuar caindo".
O ministro disse que já havia tomado conhecimento de um artigo
de um analista do BC sobre o custo da dívida. O artigo, publicado
na sexta-feira pelo jornal "Valor",
diz que, mesmo com um superávit primário de 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto) e crescimento de 3%, a dívida pública subirá se a taxa de juros ficar acima
de 10% ao ano.
"Eu não li, mas provavelmente
ele [o analista] mantém uma taxa
de juros nominal alta, o que não
vai acontecer."
Sobre o resultado do PIB de
2003, uma queda de 0,2%, Mantega disse que "infelizmente o primeiro semestre foi muito rigoroso". Uma das últimas previsões
do ministério havia sido um crescimento de 0,8% em 2003. "O
crescimento não depende só do
desejo do governo mas de condições objetivas. O que importa é
que terminamos o ano crescendo", disse, referindo-se à expansão do último trimestre.
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