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LUÍS NASSIF
A reforma universitária
Recém-empossado ministro da Educação, um
dos desafios fundamentais de
Tarso Genro será o da reforma
da universidade pública e do
sistema de avaliação.
Ele tem algumas vantagens
sobre seu antecessor, Cristovam Buarque: sabe pensar
com método e objetividade,
não tem o pesado viés ideológico nem a visão corporativista do antecessor.
Sua meta é chegar ao final
do ano com uma proposta concreta de reforma universitária.
Para tanto, montou uma
agenda com três pontos: levantar as pautas e propostas das
entidades do setor; montar um
conjunto de cinco eventos para
discutir as propostas existentes
e um processo de oitivas, levantando a opinião de pessoas
especializadas.
A vantagem é poder ter um
quadro amplo da matéria, para melhor decidir. O risco é se
imobilizar tentando montar
propostas de consenso. Tarso
diz saber desses riscos, mas a
idéia é chegar a novembro com
uma proposta do MEC, ouvidas as partes.
Em relação ao sistema de
avaliação, medida de prudência é não se deixar emprenhar
pelo ouvido com o discurso da
gestão anterior, segundo o
qual o Provão -que avalia os
alunos de terceiro grau- era
insuficiente para ter um quadro amplo da universidade.
Havia que agregar outras formas de avaliação, como as
condições físicas da universidade e seu currículo.
Na verdade, esse processo de
avaliação já vinha sendo montado na gestão Paulo Renato
de Souza. Em 2001, foram treinados 1.300 professores para
avaliar o funcionamento das
faculdades "in loco". O plano
era treinar 1.300 por ano e depois convocar periodicamente
de acordo com as necessidades
e os cursos a serem avaliados.
Os inscritos recebiam treinamento presencial de dois dias e
meio. Depois, havia um contato permanente por e-mails, visando uniformizar os critérios
de avaliação.
Mas o Provão era fundamental porque media o resultado final, que era o nível de
aprendizado do aluno. Foi o
Provão que permitiu, em muitos lugares, que pequenas faculdades, sem poder de fogo,
conquistassem seu espaço concorrendo com notórios fabricantes de diploma, montados
em dinheiro.
Buarque procedeu a um verdadeiro desmonte no sistema
de avaliação. Hoje em dia as
avaliações presenciais são feitas à galega, por avaliadores
pouco preparados, sem o trabalho prévio de treinamento.
Em relação à reforma da
universidade, o planejamento
de Tarso vai tratar de três pontos centrais: o financiamento
da universidade pública, a
qualidade e a nova relação público-privada.
A proposta do MEC deverá
contemplar liberdade de ciência, para universidade, autonomia de gestão e previsibilidade para financiamento.
Mas não se poderá desvincular
da sociedade real. E, por tal,
ele inclui não apenas a cidadania mas as relações de produção. A idéia é montar formas
de controle social sobre a universidade.
Sócio oculto
Segundo rumores insistentes
no mercado, uma das principais universidades a se insurgir
contra o Provão, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, tem como sócio oculto o
empresário de entretenimento
Ivo Noal.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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