São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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PECUÁRIA

Fim do bloqueio abrange os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás

Rússia alivia embargo a carnes brasileiras

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

O governo da Rússia decidiu ontem suspender parcialmente o embargo à carne brasileira (bovina e suína), que estava em vigor desde setembro do ano passado devido ao registro de um caso de febre aftosa no Amazonas.
O fim do bloqueio vale apenas para seis Estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás), que estão distantes da região afetada pela doença. Hoje, nova reunião tentará ampliar o acordo para mais dois Estados -Mato Grosso e Tocantins.
Em Rio Verde (GO), o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) comemorou o fim do embargo, mas disse que falta ainda eliminar o veto à carne proveniente desses dois Estados. "A notícia é formidável porque afetava duramente as exportações de carnes de frango, suína e bovina, e essas questões foram eliminadas."
Por serem Estados vizinhos ao Amazonas e ao Pará, onde foram registrados os últimos focos de febre aftosa no país, a Rússia ainda mantém a restrição em Mato Grosso e no Tocantins.
O fim do bloqueio para os seis Estados entra em vigor a partir da próxima sexta-feira, segundo o diretor-executivo da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), Antonio Jorge Camardelli, que integra a missão brasileira na Rússia.
Em 2004, a Rússia foi o maior mercado consumidor de carnes do Brasil, importando US$ 867 milhões, o equivalente a 14% de toda a carne exportada pelo país.

Início em junho
O primeiro embargo russo foi decretado em junho de 2004, após a notícia de um foco de aftosa no município de Monte Alegre (PA). Mas esse bloqueio foi retirado uma semana depois. Em setembro, houve o segundo embargo, depois da descoberta de um novo foco em Careiro da Várzea (AM).
Na época, o governo estimou que, com o veto, o Brasil teria perda diária de US$ 4 milhões, sendo US$ 1 milhão em carnes bovinas, US$ 1 milhão em carnes de aves e US$ 2 milhões em carne suína.
Desde o primeiro embargo, os representantes dos pecuaristas e o governo federal iniciaram uma série de negociações comerciais para suspender o veto, propondo até facilidades de acesso de produtos russos, como o trigo, no mercado brasileiro.
Oficialmente, a justificativa para o fim do embargo é que os Estados atingidos pela restrição conseguiram provar que seus rebanhos estão vacinados e livres da febre aftosa. Rodrigues não revelou se houve concessões comerciais à Rússia em troca do fim do bloqueio. "Falta confirmar alguns pequenos detalhes, mas o importante é que é uma conquista relevante neste momento."
No mês passado, a Rússia já havia retirado o embargo à compra de carne de frango. Mas a liberação não vale para frangos produzidos nos Estados do Amazonas e do Pará. Em novembro, a Rússia também havia liberado as importações de carnes de Santa Catarina por ser este o único Estado brasileiro livre de aftosa sem a exigência de vacinação.
Após o anúncio do acordo, as ações dos principais frigoríficos dispararam na Bovespa devido à expectativa de maior faturamento do setor. O papel da Avipal subiu 4,26%, enquanto o da Perdigão teve valorização de 3,29% e o da Sadia, de 1,83%.


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