São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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CURTO-CIRCUITO

Após estatal acumular dívida de R$ 10 bi, Alckmin pede socorro

BNDES avalia capitalização da Cesp

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vê com simpatia pleito do governo do Estado de São Paulo de capitalizar a estatal de geração de energia Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e achar solução para o endividamento.
Só para o BNDES a Cesp deve cerca de R$ 1,2 bilhão. O governo de São Paulo, controlador da geradora, quer que o banco converta parte desse crédito, R$ 575 milhões, em ações da companhia.
Igual montante seria injetado na empresa via ações da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), que seria transferida para a geradora.
Posteriormente, o plano também contemplaria a emissão de cerca de R$ 2 bilhões em debêntures conversíveis em ações da geradora de energia, de acordo com a agência de notícias Reuters.
Segundo especialistas em energia, um "plano de salvação" para a Cesp é fundamental pela sua significativa capacidade de geração -a avaliação é que não se pode deixar de contar com esse potencial. Sem ajuda, a empresa poderia quebrar ainda neste ano.
Entretanto, o projeto desenhado até agora é considerado tímido -já que, a princípio, a capitalização seria de R$ 1,15 bilhão (a soma das partes do BNDES e da Cteep). Para ter uma idéia, a dívida total da Cesp é de R$ 10 bilhões.
Oficialmente, o BNDES confirmou que recebeu a proposta do Executivo paulista, mas não quis dar detalhes sobre as tratativas. No entanto, as negociações entre o governo do Estado de São Paulo e o banco já começaram.
A proposta foi entregue ao presidente do BNDES, Guido Mantega, há cerca de um mês, pessoalmente, pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin.
O encontro aconteceu na representação paulista do BNDES. Também estavam presentes os secretários de governo Mauro Arce (Energia) e Andrea Calabi (Planejamento). A proposta está sob análise da área técnica do banco. Os técnicos analisam se a operação se enquadra nas regras do banco e se existe impedimento pelo fato de a Cesp ser estatal.
Conversas entre representantes do Executivo paulista e técnicos do BNDES já estão em curso, mas não há ainda nenhum avanço.
Se sair do jeito que o governo de São Paulo pretende, a operação será semelhante àquela fechada entre o BNDES e a norte-americana AES, que ficou inadimplente em 2003 com o banco.
O BNDES converteu US$ 1,2 bilhão em dívidas contraídas durante a privatização da Eletropaulo em participação acionária (50%, menos uma ação) em uma holding, a Brasiliana, que controla ativos da AES no país.
O banco aguarda uma posição do Estado sobre a condição que impôs para emprestar recursos: reduzir despesas em outras áreas para que o Estado se encaixe no limite de gastos do setor público.
Por causa dessa restrição, Alckmin chegou a dizer que havia "má vontade" do BNDES em conceder o empréstimo.


Colaborou a Reportagem Local


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