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LEÃO ACUADO
Relator promete versão "mais palatável" da medida, que trará exceções destinadas a dividir a frente antiimposto
Governo tenta rachar oposição a MP tributária
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo apresentará já no início da próxima semana nova versão, "mais palatável", da MP (medida provisória) 232, que elevou a
tributação sobre os prestadores
de serviço e outros setores da economia. O novo texto está sendo
apressado para atenuar o desgaste
com a negociação no Congresso.
A nova redação já foi praticamente acertada entre o relator da
reforma, senador Romero Jucá
(PMDB-RR), e a Receita Federal.
Os artigos que elevam impostos e
restringem direitos de contribuintes serão alterados, abrindo
exceções para dividir o movimento da sociedade civil e do meio político contra a MP.
Jucá não esperará sequer a conclusão dos trabalhos da comissão
do Congresso encarregada de
analisar a MP 232, na qual o governo já desistiu de tentar defender o texto original da medida.
"Meu relatório será melhor e
mais palatável que o do governo.
Meu papel como relator é de cirurgião plástico, não de coveiro",
disse ontem o senador.
As mudanças principais se darão em quatro artigos e já não são
segredo. No caso dos prestadores
de serviço, maior motivo da celeuma em torno da MP, a elevação
de tributos será menor ou inexistente para as empresas que geram
empregos. Também serão atenuadas as regras que elevam a retenção de tributos na fonte, atendendo especialmente ao setor rural, com poderoso no Congresso;
que aumentam a tributação sobre
investimentos no exterior, objeto
de reclamação da indústria; e que
restringem o acesso ao Conselho
de Contribuintes, instância destinada a julgar recursos contra
multas aplicadas pela Receita (veja no quadro ao lado).
A nova versão da MP será divulgada até a próxima terça-feira, segundo afirmou Jucá, e não será
votada pela comissão especial
-irá diretamente ao plenário da
Câmara, apresentada pelo relator-adjunto, deputado Carlito
Merrs (PT-SC). Isso só acontecerá, porém, após o encerramento
dos debates da comissão, segundo entendimento com a oposição.
O prazo final para a votação na
Câmara é o próximo dia 31.
A comissão, na prática, se tornou um palanque para os opositores da MP. Foi com esse papel
que começou a funcionar ontem,
ouvindo o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos.
Toda a sessão foi dedicada a pedir a derrubada da MP -com exceção da correção da tabela do
Imposto de Renda- e nenhum
governista se pronunciou em defesa do texto. Afif e o presidente
do IBPT (Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário), Gilberto Amaral, contestaram os números parciais apresentados até
agora pelo governo, segundo os
quais a correção da tabela trará
perda anual de R$ 2,5 bilhões.
A frente de entidades da sociedade civil mobilizadas contra a
MP rejeita a estratégia do governo
de negociar a medida ponto a
ponto. "Em qualquer tentativa de
alterar essa mixórdia, a emenda
vai ficar pior que o soneto", afirmou Afif, argumentando que as
propostas apresentadas tornarão
a legislação tributária ainda mais
complicada.
Grupo de estudo
A Fecomercio (Federação do
Comércio do Estado de SP) lançou ontem um ambicioso projeto
com um time de sete economistas
para tentar buscar soluções que
possam criar um ambiente de negócios mais favorável no país.
Batizado de ""Simplificando o
Brasil", o projeto deve ser concluído até agosto e apresentado a
empresários de vários setores para aferir os resultados potenciais
das medidas sugeridas.
O estudo abordará desde a necessidade de cortes nos gastos do
governo e o peso da carga tributária sobre as empresas até o custo
Os envolvidos acreditam que
exista hoje um clima favorável para apresentar esse tipo de sugestão para modernizar o país.
Colaborou a Reportagem Local
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