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BEBIDAS
Resultado líquido caiu 18% em 2004, apesar de aumento de preços; empresa aponta reflexo da reestruturação do grupo
AmBev amplia vendas, mas lucra menos
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A AmBev fechou o ano de 2004
com uma receita líquida de R$ 12
bilhões -o que representa uma
elevação de 38,3% sobre o ano de
2003- e faz da empresa a oitava
maior do país em vendas no setor
privado (a mesma posição de
2003). O lucro líquido, no entanto, caiu 17,7% no mesmo intervalo -foi de R$ 1,2 bilhão- e o custo de produção subiu no ano.
Alguns gastos também cresceram. Para manter as suas marcas
de cerveja (Skol, Brahma, Antarctica) com uma boa participação
de mercado, foi preciso colocar a
mão no bolso. Em 2004, as despesas com vendas e marketing da
AmBev no Brasil subiram 32,8%,
e a própria companhia esperava
um aumento menor, de 25%. Foram R$ 834 milhões, sendo que
desse montante R$ 245,3 milhões
apenas com cervejas, no período
de outubro a dezembro.
"Apesar desse gasto maior, tivemos um crescimento em "market
share" [participação de mercado]
no ano", explica João Castro Neves, diretor financeiro do grupo.
No último mês de 2003, a empresa
era dona de 63,2% das vendas de
cerveja pilsen no país. Em dezembro de 2004, o número estava em
68,1%, diz a companhia. Detalhe:
em janeiro caiu para 67,9%.
Mas a cervejaria já chegou a bater nos 70% de participação em
2003 e caiu com a entrada da marca Nova Schin no mercado em setembro daquele ano.
"Esse aumento com mídia foi
compensando por uma queda no
custo do produto vendido no último trimestre. No final das contas,
o balanço anual mostrou, em linhas gerais, um bom resultado",
diz Tania Sztamfater, analista da
área de consumo do Unibanco.
Ela afirma que a redução no lucro anual -de R$ 1,4 bilhão para
R$ 1,2 bilhão- é conseqüência da
"nova estrutura de capital do grupo" e não deve ser analisado com
pessimismo. "A companhia teve,
por exemplo, de amortizar o ágio
que pagou relacionado à incorporação da Labatt no ano passado.
Isso pesa no resultado final", diz.
A AmBev, na negociação anunciada com a Interbrew em março
de 2004, adquiriu a Labatt.
Ainda segundo o balanço, o
custo com produto vendido passou de R$ 4 bilhões a R$ 4,8 bilhões de 2003 para 2004. No entanto, no balancete do último trimestre houve queda de 5,7% nesse custo por hectolitro (100 litros).
Essa redução não refletiu em
preços menores ao consumidor.
A AmBev informou ontem que
conseguiu um aumento na receita
líquida por hectolitro (100 litros) e
isso foi "obtido por meio da bem-sucedida implementação de um
reposicionamento médio de 5%
dos preços no final de dezembro
de 2004", informa. Um aumento
das vendas pela rede de distribuição da empresa também ajudou.
A empresa diz ainda que reajustou abaixo da inflação do ano.
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