São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Distribuição de aço cai no primeiro trimestre

Apesar de ter fechado 2008 com com alta de 12,2% nas vendas, o setor da distribuição do aço amarga resultados negativos desde os últimos meses do ano passado. O recuo chegou a 34,4% em dezembro e ainda deve avançar neste ano.
Em 2008, foram negociados 3,716 milhões de toneladas, contra 3,312 milhões no ano anterior. Para este ano, a expectativa é a de um resultado entre 3 milhões e 3,3 milhões de toneladas, segundo Christiano da Cunha Freire, presidente do Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores do Aço) e do Sindisider (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Produtos Siderúrgicos).
O primeiro trimestre deste ano deve seguir com baixa demanda. A expectativa é a de uma queda de 30% ante o primeiro trimestre de 2008.
O mês de fevereiro deste ano deve fechar com cerca de 190 mil toneladas, segundo Freire. Fevereiro de 2008 teve 306 mil toneladas.
"E a perspectiva é que o próximo trimestre mantenha esse ritmo baixo. Os Estados Unidos continuam incertos, e a restrição ao crédito permanece. No Brasil, eu não consigo ver o governo fazendo pacotes agressivos de estímulo", afirma.
As vendas das bobinas a frio e a quente foram as responsáveis pelas maiores retrações do mercado, que caíram, respectivamente 47,1% e 39,7% em dezembro. A chapa zincada apresentou queda de 28,6% no mesmo mês.
O mercado de chapa grossa, usada na indústria de base e infraestrutura, está em desaceleração -queda de 0,4%.
O resultado positivo no fechamento do ano foi sustentado pelo setor de máquinas e equipamentos. As empresas do setor comercializaram 735.864 toneladas em 2008, o que representa aumento de 23,2% sobre o total registrado em 2007. O setor automobilístico, que fechou 2008 com crescimento de 21,5% (269.931 toneladas), apresentou quedas e recuperações. Construção civil cresceu 13,6% (313.941 toneladas).



Empresário decasségui contrata no Brasil para reduzir custos

Desde 1990 no Japão, o decasségui Renato Tanabe começou servindo café. Hoje é um dos poucos empreendedores brasileiros que fundaram uma multinacional no Japão, a empresa de telefonia Brastel. Tanabe está no Brasil nesta semana e conta como sua empresa reage à crise e diz que a dificuldade de estrangeiros conseguirem crédito no Japão hoje é a mesma que encontrou há 20 anos. Cerca de 60 mil brasileiros perderam emprego nos últimos meses no Japão.

 

FOLHA - Como começou?
RENATO TANABE
- Em 1990, comecei servindo café e tirando cópia. Aí fui vender produtos para brasileiros e consegui uma representação de telefonia para fazer "callback", sistema com tarifa mais barata para brasileiros. Em 1996, fundamos a Brastel, para oferecer telefonia a brasileiros. Depois ampliamos e hoje ligamos de outros países.

FOLHA - Tomou crédito? Está mais difícil ter crédito na crise?
TANABE
- Não. Tivemos um investidor. Os bancos ofereceram crédito só depois que já tínhamos bom faturamento. A dificuldade não é só do brasileiro, é do estrangeiro.

FOLHA - Vão contratar algum brasileiro para ajudar decasséguis?
TANABE
- Cerca de 30% dos funcionários já são brasileiros. Ainda não contratamos decasséguis desempregados na crise porque o funcionário precisa ter o conhecimento técnico.

FOLHA - Vão demitir?
TANABE
- Ainda não. Estamos cortando custos. Já abrimos novas bases de atendimento em locais mais baratos, como Brasil (Londrina), Filipinas, Tailândia e Sri Lanka. O custo no Japão é mais alto.

CINCO VEZES
Marco Antonio Bologna assumiu ontem a presidência da TAM Aviação Executiva com a meta de elevar o faturamento de R$ 200 milhões, em 2008, para R$ 1 bilhão, em cinco anos. Para isso serão estudadas aquisições, parcerias, novos negócios e consolidações. O projeto pode incluir até sócios financeiros. Bologna foi presidente da TAM Linhas Aéreas até 2007.

PALESTRA
Durval de Noronha Goyos Jr., do Noronha Advogados e árbitro da OMC, dará a palestra "Brasil: O Gigante Emergente" a membros do World Affairs Council of Connecticut, na quarta, nos EUA.

PURO ZINCO
A ArcelorMittal Brasil vai produzir uma nova liga metálica para revestir bobinas galvanizadas, com aplicação na construção civil, em 2010. Trata-se do Aluzinc, que terá zinco puro em sua composição, além de alumínio e silício, para proteger o aço de agentes corrosivos e ampliar sua durabilidade. A produção será na fábrica de São Francisco do Sul (SC), que terá 40% de sua capacidade instalada ampliada no próximo ano.

GUARDANAPO
O grupo Matte, do Chile, está negociando a compra da brasileira Melhoramentos, informa o "El Mercurio". Segundo o jornal, o negócio será feito por meio da Empresas CMPC, controlada pelo grupo. O objetivo do Matte é entrar no segmento de papéis descartáveis (guardanapo e tolhas higiênicas) do Brasil, diz o "El Mercurio".

VERDE
Roger Agnelli, Luiz Gonzaga Belluzzo e outros participam, em 6 e 7 de maio, do Fórum de Comunicação e Sustentabilidade, evento que vai reunir empresários e estudantes em São Paulo.

AJUSTE:
CRÉDITO DE CARBONO TEM ALTA APÓS QUEDA BRUSCA
Os preços do mercado de crédito de carbono tiveram uma elevação nas últimas duas semanas e fecharam o dia a 9,17, segundo relatório do grupo Santander Brasil. Em fevereiro, os créditos atingirem o patamar de 7. "Parece que o mercado exagerou na baixa e houve um pequeno ajuste", afirma Maurik Jehee, superintendente de créditos de carbono do Santander. Para ele, no entanto, a alta recente não deve puxar os preços de volta aos níveis de 2008 -de cerca de 19, em setembro. O motivo é que a crise faz com que empresas percam interesse nos créditos, já que a perspectiva é queda no consumo de energia. Segundo Jehee, os preços baixos prejudicam empresas brasileiras, vendedoras de crédito.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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