|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exportações ao Irã crescem 76%
Apesar da expansão no 1º bimestre do ano, país islâmico compra só 1% das exportações brasileiras
Setor agropecuário puxa
a expansão, e Irã deve se tornar neste ano o segundo maior importador de carne bovina "in natura" do país
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O estreitamento de relações
políticas entre Brasil e Irã começa a dar resultados comerciais. Num momento em que o
governo Lula apoia Teerã em
meio à pressão mundial para o
isolamento do país islâmico devido ao seu programa nuclear,
as exportações brasileiras ao
Irã cresceram 76% no primeiro
bimestre deste ano em relação
a igual período do ano passado.
No bimestre, os iranianos já
gastaram US$ 217,7 milhões
com compras no Brasil, deixando um superavit de US$ 215 milhões para os brasileiros.
Fábio Faria, diretor de planejamento da Secretaria de Comércio Exterior, diz que ainda
há espaço para crescimento. Os
iranianos receberam reforço de
caixa com a recuperação dos
preços do petróleo e poderão
importar mais, diz ele. Hoje, a
participação iraniana é de só
1% das exportações brasileiras.
As compras dos iranianos
têm foco forte no agronegócio,
principalmente em carnes, milho, açúcar e soja. O rol de exportações do Brasil inclui, ainda, chassi para veículos, motores elétricos, reatores e papel.
O Irã deve se consolidar como o segundo maior importador de carne bovina "in natura"
do Brasil neste ano, superando
mercados tradicionais como
Hong Kong, Venezuela e Egito.
As exportações do produto ao
Irã em janeiro somaram 15,6
mil toneladas e superaram em
106% as de igual mês de 2009.
O interesse iraniano se estende também ao frango. Embora o país seja grande produtor, o consumo per capita dessa
proteína subiu de 18 kg em
2004 para 24,1 kg neste ano.
A Folha apurou que a ordem
que vem do Irã é para que os representantes comerciais do
país aumentem as compras por
aqui. Com isso, os brasileiros
esperam colocar 220 mil toneladas de carne bovina "in natura" no país. Se confirmadas, essas exportações superarão em
68% as de 2009 e em 169% as
de 2006. Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne), diz
que o Brasil tem, no momento,
40 frigoríficos produzindo carne bovina para os iranianos.
Rituais
A carne enviada àquele país
tem de seguir os rituais islâmicos. Um veterinário, um degolador e um religioso, todos enviados pelo Irã, conferem se o
abate segue as exigências religiosas, diz o diretor da Abiec.
A participação iraniana no
mercado brasileiro é importante principalmente porque as
importações são de carne "in
natura", com maior valor agregado. Enquanto a Rússia, o líder nas importações de carne
brasileira, pagou US$ 2.967 por
tonelada de carne em janeiro,
os iranianos pagaram US$
3.926 por tonelada.
Frango
O setor de frango também espera aumento das exportações.
"O problema é que essas compras são sazonais, mas há uma
vontade crescente de elevar os
negócios por parte do Irã", diz
Ricardo Santin, diretor-executivo da Abef (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos). Em busca de
uma expansão das vendas no
mercado iraniano, a indústria
brasileira enviará uma missão
comercial ao país nas próximas
semanas, segundo Santin.
A intenção de compra dos
iranianos ficou evidente para
os brasileiros em uma feira de
alimentação realizada em Dubai (Emirados Árabes) no mês
passado, quando a busca de negócios foi grande, segundo os
participantes do evento.
LEIA MAIS em Brasil e Mundo
Texto Anterior: Estatal adia licitação de sonda por dois meses Próximo Texto: Casa Civil nega ter maquiado atrasos em obras do PAC Índice
|