São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2010

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Casa Civil nega ter maquiado atrasos em obras do PAC

Nota afirma que reportagem da Folha "manipulou dados"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Casa Civil da Presidência da República divulgou nota negando ter maquiado os balanços oficiais do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) como forma de esconder atraso em três de cada quatro das principais obras do programa.
Conforme reportagem de ontem da Folha, a maioria dessas obras mantém, nos documentos oficiais, o carimbo de "adequado", apesar do atraso. Isso se deve ao fato de o governo ter estendido prazos de entrega.
"Se existe "maquiagem" ou tentativa de "esconder" informações em relação ao PAC, ela está na reportagem do jornal.
(...) Todas as alterações de cronogramas das ações do PAC estão registradas nos balanços, [que] sempre fizeram referência às ações desenvolvidas dentro do programa", diz a nota, intitulada "Folha de S.Paulo maquia dados sobre o PAC".
A partir do segundo balanço oficial do PAC -foram nove até hoje-, as obras que sofreram alteração de cronograma têm listado o novo prazo sem que, na quase totalidade dos casos, faça-se menção ao anterior.
A Casa Civil diz ainda que a reportagem manipulou dados "ao selecionar uma amostra parcial de 75 ações do primeiro balanço (de um total de 1.646)".
A reportagem deixa claro que se trata das "ações destacadas [pelo próprio governo] no primeiro balanço", além de fazer a checagem em relação às 134 obras citadas pelo governo no primeiro ano do programa -o índice de atraso, nesse caso, é um pouco maior: 77%.
"Das 2.471 ações monitoradas, metade foi concluída, 44% estão com ritmo adequado de execução, 5% em atenção e 1% em situação preocupante. Se metade foi concluída, como poderia haver 75% atrasadas?", questiona a Casa Civil.
O atraso em 75% das principais obras inclui as que já estão concluídas, mas não foram finalizadas no prazo prometido inicialmente pelo governo.
Em relação ao desmembramento de algumas ações, a nota reproduz explicação publicada ontem: que isso se deve "a sua complexidade e visa aprimorar seu monitoramento".
Deputados e senadores da oposição, que qualificaram o PAC de "ilusionista", criticaram o governo e Dilma Rousseff pelo atraso. Parlamentares do DEM e do PSDB disseram que o programa está sendo usado para "turbinar" a campanha da ministra da Casa Civil.

Dilma
Ao discursar ontem em Sorocaba durante inauguração do complexo industrial da Case New Holland, do Grupo Fiat, Dilma afirmou que o PAC "esse ano se acelera mais". A imprensa não teve acesso ao local onde estavam a ministra e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma, pré-candidata do PT à Presidência e apontada pelo governo como a grande gestora do programa, não fez menção à reportagem da Folha.


Colaborou MALU DELGADO , enviada a Sorocaba


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