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Indicador brasileiro recuou mais 3,38% ontem e fechou a 969 pontos
Risco pode cair a 700 pontos, afirmam bancos americanos
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Estrategistas de bancos estrangeiros avaliam que o risco-país do
Brasil, ontem em 969 pontos
(com queda de 3,38%), o mais
baixo em quase um ano, vai continuar a cair até chegar a um piso ao
redor dos 700 pontos.
Após atingir a cotação de US$
0,4875 em setembro de 2002, o C-Bond, título da dívida brasileira
com maior peso na composição
do risco-país, subiu 68% nos últimos seis meses e ontem foi comercializado a US$ 0,8188.
Quase consensuais em relação à
continuidade da queda do risco,
os principais motivos que sustentam tal visão são os seguintes:
1) a alteração, dada como certa
[definida na noite de ontem", do
artigo 192 da Constituição, que
trata do grau de autonomia do
Banco Central;
2) a manutenção da popularidade do presidente Lula em níveis
elevados e o comportamento de
seu governo até este momento;
3) um amplo movimento global
em andamento de fuga de capitais
das Bolsas em busca da rentabilidade de títulos de mercados
emergentes;
4) as perspectivas ruins dos títulos do governo americano.
Há divergência, porém, em relação à velocidade da queda.
Para Luís Fernando Lopes, economista-chefe do JP Morgan no
Brasil, a queda pode ser de mais
100 a 150 pontos nas próximas
três a quatro semanas.
"Certamente há espaço para
continuar a melhorar. O Brasil
ainda está 300 pontos acima do
"spread" médio do risco-país. Vale notar que o "spread" dos C-bonds era de apenas 680 pontos
um ano atrás", diz Graham Stock,
estrategista-chefe para a América
Latina do JP Morgan.
Já Felipe Illanes, estrategista de
títulos do Merrill Lynch para a
América Latina, opina que a queda chegará à casa dos 700 pontos
apenas mais tarde -e dependerá
da aprovação de reformas como a
da Previdência no Congresso. "O
índice vai encontrando cada vez
mais resistência para cair", diz.
O JP Morgan diz que não espera
uma aprovação tão rápida assim
das reformas, mas acha que isso
não causaria tanto estrago assim
como muitos esperam.
"Desviar-se das reformas-chave
atrapalharia a sustentação da dívida no médio prazo e levaria os
investidores a uma posição mais
defensiva. Por outro lado, uma
negociação surpreendente no
Congresso poderia provocar
compressão do "spread" e justificar mais exposição. Não esperamos nenhum desses cenários",
diz Graham Stock.
O assédio ao Brasil não ocorre
de maneira isolada, mas de forma
relativamente coordenada com
outros mercados emergentes.
"Nosso sentimento é que há
agora um movimento das ações
para os títulos, que não sejam do
governo americano, que estão
rendendo pouco, por causa do
contexto da economia dos Estados Unidos", diz Felipe Illanes, da
Merrill Lynch.
Os estrategistas dizem apenas
que o movimento nos números
brasileiros têm se destacado entre
países semelhantes porque o país
começou de um patamar mais alto de risco-país.
A queda no risco abre espaço
para que o governo Lula obtenha
seu primeiro empréstimo no
mercado financeiro internacional
e, assim, quebre um jejum de um
ano sem captações da República
no exterior.
Desde que o risco-país intensificou o ritmo de queda, o Banco
Central elevou as consultas a bancos de investimento norte-americanos (como Goldman Sachs, JP
Morgan e Merrill Lynch), especializados em coordenar emissões de
títulos de dívida no mercado.
De acordo com operadores em
Nova York , o Banco Central demonstrou interesse por emissão
de prazo de dez anos, pois não há
nenhum título do país com vencimento em 2013. O desejo do governo é esperar que a taxa caia
abaixo de 900 pontos para anunciar a emissão, segundo apurou a
Folha.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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