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IMPUNIDADE
Pena vira prestação de serviços à comunidade
DA REPORTAGEM LOCAL
A prestação de serviços à comunidade e o pagamento de cestas
básicas a instituições de caridade
são, na prática, as punições mais
freqüentes para empresários acusados de crime tributário no país.
Dois grandes empresários do
setor de calçados da região Sul receberam essa "punição" nos últimos três anos. Essas penas também foram ou ainda são cumpridas por empresários dos setores
de informática, alimentos, metalúrgico e construção civil.
Horst Volk, 72, ex-presidente da
Ortopé, espera para os próximos
meses o fim de sua prestação de
serviços comunitários, pena que
começou a cumprir a partir de
agosto de 2003. Ele foi condenado
porque a Ortopé deixou de recolher o INSS dos empregados da
companhia em 1997, o que o levou a passar, em 1999, cem dias
em um albergue ao lado de um
presídio em Gramado (RS).
"Minha condenação possibilitou o cumprimento de pena alternativa, que é a prestação de serviços comunitários", afirma o ex-presidente da Ortopé, que chegou
a comandar 3.000 empregados e a
faturar R$ 120 milhões anuais.
Volk trabalha de 30 a 60 horas
por mês no Hospital Arcanjo São
Miguel, em Gramado. "Junto notinhas de ICMS para o programa
"Nota Solidária", do governo do
Estado. Quanto mais o hospital
recolhe, mais benefícios ganha."
O ex-presidente da Ortopé também corre atrás de recursos para
criar uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no hospital. "Trabalho para montar esse serviço."
A condenação de Volk por crime tributário tirou a sua vontade
de trabalhar. "Fiquei muito magoado, mas não contesto a decisão da Justiça. Cumpro com hombridade. Cometi um erro e assumo esse erro", diz. O ex-presidente da Ortopé conta que, a partir de
1997, quando houve o crime tributário, já tinha passado o comando da empresa para os filhos.
"Meus filhos não se entenderam. A empresa ficou na mão de
um deles, que vendeu a companhia para outro empresário." O filho de Volk que ficou com a companhia também paga a pena com
a prestação de serviços numa escola de Gramado.
(FF e CR)
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