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CÚPULA GLOBAL
Consenso de Washington acabou, diz Brown
Premiê britânico, anfitrião do G20, vê "começo" de virada" na crise e puxa coro de elogios de líderes ao resultado do encontro
Obama cita "a mais firme e rápida resposta internacional da história a uma crise internacional", e assessores veem tensões superadas
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
Anfitrião do encontro mais
importante até agora para tentar resolver a pior crise econômica em décadas, o primeiro-ministro britânico, Gordon
Brown, decretou ontem o fim
do Consenso de Washington,
enquanto os principais líderes
mundiais eram unânimes em
anunciar que a cúpula de Londres do G20 era o "começo da
virada".
"O velho Consenso de Washington acabou. Hoje, chegamos a um novo consenso, de
que tomamos ação global conjunta para lidar com os problemas que enfrentamos", disse
Brown, sobre o receituário liberal hegemônico na América Latina na década de 1990. Agora,
afirma o primeiro-ministro
trabalhista, tem início a era da
cooperação.
Uma das principais preocupações dos líderes mundiais era
justamente que o encontro fosse considerado um sucesso
-ele ao menos ajudou a turbinar os principais mercados
acionários ontem- e por isso
um se esforçava mais que o outro para destacar o caráter "histórico" da reunião.
Por trás dos sorrisos na frente das câmeras, nos bastidores a
reunião foi "tensa" até os últimos minutos, como revelavam
integrantes das comitivas e até
alguns dos líderes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou uma discussão entre
Brown e o presidente francês,
Nicolas Sarkozy, e fontes norte-americanas tentavam dizer
que o presidente Barack Obama foi "fundamental" para o final feliz.
Em sua estreia no palco
mundial de uma grande reunião multilateral, Obama afirmou que a cúpula era "a hora da
virada em nossa busca pela recuperação global", com "a mais
firme e rápida resposta internacional da história a uma crise
internacional".
Já o francês Sarkozy deixou
de lado as ameaças pré-reunião, quando chegou a dizer
que podia abandonar o encontro se não gostasse do seu encaminhamento, e tratou de reivindicar parte da responsabilidade pelo desfecho.
Defendeu a pressão que fez
ao lado da Alemanha por mais
regulação e chegou até a trazer
à tona a comparação com Bretton Woods (o encontro em
1944 que definiu as instituições
da economia internacional pelas décadas subsequentes), que
tinha praticamente desaparecido desde o primeiro encontro
do G20 sobre a crise, em novembro passado. Afirmando
que era a maior reforma do sistema desde então, falou que
acabou "a loucura da desregulação total".
Lula também tirou sua casquinha e afirmou: "Fizemos
um momento muito importante na história do mundo".
Nas semanas que antecederam a cúpula, líderes de todo o
planeta demonstravam
apreensão sobre qual seria a recepção dos mercados e do público para o que quer que fosse
anunciado ao final da reunião.
Questionado por repórteres,
na semana que antecedeu o encontro, sobre o que seria fundamental para que fosse um "sucesso", Brown foi sincero: "Que
vocês digam que foi um sucesso".
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