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Lula se gaba de empréstimo para turbinar o FMI
DE LONDRES
O primeiro empréstimo do
Brasil ao FMI (Fundo Monetário Internacional) ainda
depende de uma decisão fundamental: como fazê-lo de
modo que o valor não seja
contabilmente descontado
das reservas do país.
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, afirmou ontem que técnicos da sua pasta estudam a possibilidade
de o Brasil investir em títulos
do próprio FMI e se esse valor poderia ser contado como
"investimento" -o que permitiria, ao menos pelo lado
técnico, que o dinheiro continuasse sendo contado normalmente nas reservas.
O valor do aporte ainda
não foi revelado, e Mantega
disse que só vai definir o
montante depois de conversa com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. O ministro se recusou a dizer até em
torno de que patamar seria a
contribuição, mas aproveitou para cutucar a China, que
teria prometido aporte de
US$ 40 bilhões. "Se eu tivesse US$ 2 trilhões de reservas,
com certeza daria mais."
O anúncio deve sair nos
próximos dias. Como condição, o dinheiro deverá servir
para ajudar países emergentes, especialmente os latinos.
"Gostaria de passar para a
história como o presidente
que emprestou dinheiro ao
FMI", disse Lula, que já usou
amplamente na campanha
de 2006 o fato de ter quitado
o empréstimo contraído por
Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) com o Fundo.
"Você não acha chique o Brasil emprestar dinheiro para o
FMI? Não é uma coisa soberana?", brincou o presidente.
Apesar do tom geral de otimismo, o brasileiro deixou
uma porta aberta para tempos mais difíceis: "Agora não
precisamos. Mas não tem soberba. Porque, se algum dia
precisar e o Fundo por a única fonte, nós vamos atrás".
A reforma do FMI, prevista para ser concluída até janeiro de 2011, está no horizonte do país. A cota do Brasil no FMI atualmente é de
apenas 1,7% do total, apesar
de o país estar atualmente
entre as dez maiores economias do planeta.
Em seu discurso no encerramento da cúpula, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que as reformas vão ocorrer e que a
nomeação da direção do
Fundo vai passar a ser "por
mérito". Atualmente, a escolha é feita basicamente por
um acordo entre europeus e
norte-americanos.
Em noite inspirada após o
aparente sucesso da reunião,
Lula disse em entrevista que
ninguém deve ter medo de
"cara feia". "Se o [boxeador]
Cassius Clay tivesse medo de
cara feia, tinha perdido para
o Foreman naquela luta no
Zaire [em 1974]. Eu me considero o Cassius Clay dessa
crise, quero dar uma muqueta nessa crise", disse.
(PDL)
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