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O VAIVÉM PRESIDENCIAL
Presidente tenta corrigir sugestão de intervenção; moeda dos EUA fecha em R$ 2,965, alta de 1,86%
Lula diz que não vai "meter o dedo no dólar"
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva tentou corrigir ontem o impacto de suas declarações sobre a
possibilidade de o governo vir a
intervir no mercado de câmbio e
afirmou que o importante é a estabilidade do dólar.
"O papel do governo é afirmar a
todo e qualquer momento que a
nossa lógica é que o dólar continuará flutuante e quem determinará seu preço será o mercado. O
governo não vai meter o dedo na
questão do dólar", declarou Lula,
em Sertãozinho (SP).
A repercussão das declarações
de Lula fez o dólar fechar ontem
cotado a R$ 2,965, alta de 1,86%
em relação ao fechamento de
quarta-feira. Apesar da alta de ontem, a moeda norte-americana
terminou a semana em baixa de
1,46%.
Segundo analistas, a moeda oscilou principalmente em razão de
movimentos especulativos. Devido ao feriado do Dia do Trabalho
na quinta-feira, o movimento no
mercado de câmbio ontem foi reduzido, o que favoreceu as oscilações nas cotações.
Para eles, a dissonância entre os
diversos integrantes do governo
em relação ao câmbio ainda não
foi devidamente absorvida pelo
mercado. Ou seja, o rumo que o
BC deverá tomar ainda não é certo, mas, pelo menos por enquanto, a maioria acredita que não haverá uma intervenção direta na
cotação do dólar.
Dessa forma, os investidores esperam que a repercussão das últimas declarações deva tomar mais
força na segunda-feira, quando o
movimento nas negociações também voltará ao normal.
Só mercado
Em 4 de abril, o presidente havia
dito que o dólar seria regulado somente pelo mercado. Mas, anteontem, havia afirmado que o
governo não deseja que a moeda
americana caia tanto. Ontem tentou se explicar.
"Não há um valor do dólar simpático ao presidente da República. Ouço gente dizer: seria bonito
que ele fosse R$ 2,60, R$ 3,20. Mas
não há um dólar bonito para nós.
O dólar será bonito quando atingir um patamar de estabilidade. E
a gente puder trabalhar o ano inteiro sabendo que o dólar estará
estável. Assim, poderemos fazer
os nossos negócios sem medo da
oscilação da moeda. Essa é a lógica", disse o presidente.
Lula participou pela manhã em
Sertãozinho da inauguração de
uma unidade de geração de energia termelétrica a partir do bagaço
da cana-de-açúcar e à tarde visitou a Agrishow 2003 (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola
em Ação), em Ribeirão Preto.
Durante a visita à usina, o presidente discursou para cerca de 500
trabalhadores. Lembrou que,
quando tomou posse, o dólar estava quase em R$ 4, o risco Brasil
acima de 2.000 pontos e as empresas brasileiras não conseguiam financiamento externo para suas
exportações.
Noite na fazenda
"Ao contrário do que os pessimistas falavam na minha posse, o
dólar está caindo. E graças a Deus
ele está caindo. Agora, ironicamente, a gente vê o quê? Um grupo de companheiros que exportam querendo que o dólar não
caia muito; do outro lado, companheiros que importam querendo
que o dólar caia", declarou.
Sem citar nominalmente Fernando Henrique Cardoso, criticou a política cambial de seu antecessor. "Passamos quatro anos
alertando o ex-presidente da República de que era preciso mudar
a política cambial porque não era
verdade que R$ 1 valia US$ 1."
Lula passaria a noite de ontem
na fazenda Santa Izabel, de propriedade dos filhos do ministro
da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Colaboraram EVANDRO SPINELLI, da
Folha Ribeirão, e a Reportagem Local
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