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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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CRISE NO AR

Grupo americano trocaria dívidas por ações; Airbus perderia mercado

Varig/TAM pode voar só com Boeing

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O modelo de fusão da Varig com a TAM poderá incluir a garantia de que a nova empresa passe a alugar só novos aviões da marca Boeing, segundo apurou a Folha. Isso poderia eliminar a Airbus como fornecedora de novas aeronaves à companhia.
A idéia está em estudo por responsáveis pela criação da nova empresa, que começa a ser chamada de "nova Varig" por gente ligada ao processo. A vantagem para a Varig e a TAM, se escolherem a Boeing como única fornecedora, é que a dívida que a Varig tem com a Boeing Capital seria transformada em ações.
A TAM e a Airbus negaram oficialmente qualquer projeto de a "nova Varig" ter exclusividade com a Boeing. A Airbus disse ter ótimas relações com a TAM.
Para a Boeing, o acordo de fidelização garantiria um mercado de cerca de 70% da aviação comercial do país. Nos últimos anos, a Airbus ganhou espaço da Boeing nas vendas de aviões no mundo.
A Varig tem hoje 109 aviões, sendo 80 Boeing, 14 MD-11 (marca da Boeing) e 15 ERJ-145, fabricados pela Embraer. A TAM tem 53 Airbus e 29 Fokker-100.
Segundo um executivo ligado às negociações da "nova Varig", a idéia, ainda embrionária, de transformar a Boeing como fornecedora exclusiva surgiu após a Airbus ter se recusado a receber de volta antecipadamente aviões da TAM.

BNDES
Executivos envolvidos na criação da "nova Varig" teriam entregue ontem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) parte do modelo de fusão. A estimativa é que, se a nova empresa for criada, ela terá um passivo de cerca de R$ 4,5 bilhões. Os débitos da Varig seriam de R$ 3 bilhões, e os da TAM R$ 1,5 bilhão.
Os executivos querem transformar boa parte dessa dívida em ações da "nova Varig", mas o BNDES teria também de entrar com recursos. O presidente do banco, Carlos Lessa, tem negado, no entanto, que injetará dinheiro agora. O BNDES, segundo ele, poderia injetar dinheiro somente após a fusão.
A Varig e a TAM iniciam nesta segunda-feira uma nova ampliação dos vôos compartilhados. Os vôos para Buenos Aires entrarão no processo. A partir dessa data, a Varig terá 57% de seus vôos domésticos compartilhados. A TAM terá 52% de todos os seus vôos.



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