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POUSO DA ÁGUIA
Índice atinge 6% da força de trabalho, o maior desde 1994; Bush pressiona Congresso a cortar impostos
Desemprego volta a nível recorde nos EUA
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O índice de desemprego nos
EUA atingiu em abril o patamar
mais alto nos últimos nove anos.
Segundo o Departamento de
Trabalho, 6% da força de trabalho
está desocupada, número que, ao
lado do de dezembro último, é recorde desde 1994.
A notícia aumenta o pessimismo num país que está longe de
crescer o suficiente para abrigar o
aumento na oferta de trabalho.
Não por acaso, poucas horas depois do anúncio o presidente
George W. Bush já usava a taxa de
desemprego para pressionar o
Congresso a aprovar seu pacote
de corte de impostos.
"Esses 6% deveriam dizer em alto e bom som a ambos os partidos
políticos do Congresso dos EUA
que nós precisamos de um corte
robusto nos impostos, de maneira
que nossos cidadãos possam encontrar um trabalho", disse.
O desemprego é o ponto mais
sensível da agenda agora aberta
na mesa de Bush, a de recolocar
nos trilhos a economia americana
-sob o risco de ver seu aumento
de popularidade na guerra esvaziado no momento em que tentar
a reeleição, no ano que vem.
O crescimento no índice de desemprego foi superior ao estimado na média das previsões de economistas: esperava-se que o número fosse de 5,8% para 5,9%.
"Deve subir um pouco mais e
então se estabilizar. Estamos prevendo que ele comece a regredir
no segundo semestre", diz James
Glassman, economista-sênior do
banco JP Morgan.
No primeiro trimestre deste
ano, a economia dos EUA cresceu
1,6%, segundo a taxa anualizada.
Analistas estimam que o país tem
que crescer de 3% a 4% ao ano para absorver as pessoas que entram
no mercado de trabalho.
Em abril, 40 mil empregos desapareceram do mercado de trabalho americano, terceiro mês seguido de encolhimento nas folhas
de pagamento -só neste período, 500 mil empregos foram cortados. Nos últimos dois anos, a
apatia da economia dos EUA fez
sumir 2 milhões de empregos.
O setor manufatureiro perdeu
postos de trabalho pelo 33º mês
seguido. Outras empresas que
têm sofrido são aquelas diretamente afetadas pelo terrorismo,
como companhias aéreas (18 mil
empregos a menos em abril), hotéis (20 mil empregos a menos) e
serviços de entretenimento (41
mil empregos a menos).
Com o número divulgado ontem, aumentam as dúvidas sobre
o comportamento futuro do nível
de confiança do consumidor no
país. Na quarta-feira, o índice que
mede o comportamento do americano havia tido seu maior aumento em 12 anos, fenômeno,
mostrou a pesquisa, baseado na
crença de que os empregos estão
mais fáceis de ser encontrados.
Com o cenário nublado adiante,
um outro fator pode complicar
ainda mais a análise: o crescimento do desemprego por desalento,
aquele em que a pessoa desiste de
procurar ocupação por causa das
perspectivas ruins e, estatisticamente, deixa de integrar a força
de trabalho disponível.
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