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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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POUSO DA ÁGUIA

Índice atinge 6% da força de trabalho, o maior desde 1994; Bush pressiona Congresso a cortar impostos

Desemprego volta a nível recorde nos EUA

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O índice de desemprego nos EUA atingiu em abril o patamar mais alto nos últimos nove anos.
Segundo o Departamento de Trabalho, 6% da força de trabalho está desocupada, número que, ao lado do de dezembro último, é recorde desde 1994.
A notícia aumenta o pessimismo num país que está longe de crescer o suficiente para abrigar o aumento na oferta de trabalho.
Não por acaso, poucas horas depois do anúncio o presidente George W. Bush já usava a taxa de desemprego para pressionar o Congresso a aprovar seu pacote de corte de impostos.
"Esses 6% deveriam dizer em alto e bom som a ambos os partidos políticos do Congresso dos EUA que nós precisamos de um corte robusto nos impostos, de maneira que nossos cidadãos possam encontrar um trabalho", disse.
O desemprego é o ponto mais sensível da agenda agora aberta na mesa de Bush, a de recolocar nos trilhos a economia americana -sob o risco de ver seu aumento de popularidade na guerra esvaziado no momento em que tentar a reeleição, no ano que vem.
O crescimento no índice de desemprego foi superior ao estimado na média das previsões de economistas: esperava-se que o número fosse de 5,8% para 5,9%.
"Deve subir um pouco mais e então se estabilizar. Estamos prevendo que ele comece a regredir no segundo semestre", diz James Glassman, economista-sênior do banco JP Morgan.
No primeiro trimestre deste ano, a economia dos EUA cresceu 1,6%, segundo a taxa anualizada. Analistas estimam que o país tem que crescer de 3% a 4% ao ano para absorver as pessoas que entram no mercado de trabalho.
Em abril, 40 mil empregos desapareceram do mercado de trabalho americano, terceiro mês seguido de encolhimento nas folhas de pagamento -só neste período, 500 mil empregos foram cortados. Nos últimos dois anos, a apatia da economia dos EUA fez sumir 2 milhões de empregos.
O setor manufatureiro perdeu postos de trabalho pelo 33º mês seguido. Outras empresas que têm sofrido são aquelas diretamente afetadas pelo terrorismo, como companhias aéreas (18 mil empregos a menos em abril), hotéis (20 mil empregos a menos) e serviços de entretenimento (41 mil empregos a menos).
Com o número divulgado ontem, aumentam as dúvidas sobre o comportamento futuro do nível de confiança do consumidor no país. Na quarta-feira, o índice que mede o comportamento do americano havia tido seu maior aumento em 12 anos, fenômeno, mostrou a pesquisa, baseado na crença de que os empregos estão mais fáceis de ser encontrados.
Com o cenário nublado adiante, um outro fator pode complicar ainda mais a análise: o crescimento do desemprego por desalento, aquele em que a pessoa desiste de procurar ocupação por causa das perspectivas ruins e, estatisticamente, deixa de integrar a força de trabalho disponível.



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