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FLEXIBILIDADE
Especialistas apontavam aplicação como a mais promissora para este ano, mas rendimentos são tímidos até aqui
Multimercado oferece mais chance e risco
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles prometiam ser a vedete da
indústria de fundos em 2004.
Multimercados eram recomendados por nove entre dez especialistas no ano passado. E continuam
a ser por muitos deles, pelas oportunidades que podem aproveitar.
Esses fundos, também chamados de "livres", ganharam muito
em captação de recursos desde o
ano passado, mas não estão brilhando tanto assim. De 1º de janeiro até o último dia 29 entraram
R$ 8,2 bilhões nos multimercados, de acordo com dados do site
Fortuna.
Quase todos os fundos da tabela
ao lado, entretanto, tiveram rentabilidade inferior neste início de
ano, se comparada ao mesmo período de 2003.
Um multimercado pode aplicar
em renda fixa, ações, juros, índice
de preços e câmbio, com flexibilidade para mudar de opção, quando julgar recomendável. Se o gestor considerar que a Bolsa vai cair,
vende. O mesmo raciocínio vale
para os demais tipos de ativos.
O retorno médio dos livres em
15 meses foi de 30,34% contra
26,22% da média dos de renda fixa. "Os multimercados vivem das
grandes tendências. Buscam uma
direção, de alta ou de baixa", diz
João Luiz Máscolo, sócio da Foresee Asset Management.
Não é à toa que se deram melhor em 2003, quando a Bolsa subiu 97,3%, o dólar caiu 18,1% e os
juros caíram dez pontos percentuais. Gestores apostaram na tendência e deslancharam.
Já neste ano, até aqui, câmbio e
juros estão no mesmo patamar. A
Bolsa pode estar agora entrando
em tendência de queda. Num cenário em transição, como o atual,
esses fundos exigem uma capacidade maior de análise e de gestão
de risco do seu administrador.
Muitos gestores ainda recomendam os multicarteiras para
aproveitar a volatilidade do mercado. Mas só ela não basta para
propiciar maiores retornos.
"Houve volatilidade, mas não direção. Faltou continuidade na política econômica, a parte micro:
reformas trabalhista, tributária,
Lei de Falências", diz Máscolo.
Para profissionais
A agressividade com que operam os multimercados, porém,
não é para todo investidor. "É para quem tiver objetivo de aplicação de longo prazo e admitir perdas e oscilações, por vezes, severas", diz a consultora Marcia Dessen, que recomenda investir parte
do dinheiro disponível nesses
fundos, "de 20% a 40% do total".
Nem todos os mais rentáveis,
entretanto, expõem a muito risco.
"Viemos reduzindo posição em
ações desde janeiro e hoje, dado o
cenário, temos apenas 27%", diz
Herculano Anibal, diretor da Bradesco Asset Management, em relação a seu fundo listado.
Consultores sugerem ler o regulamento do fundo como um manual antes de aplicar. Saber em
que ele investe, quanto arrisca, se
é mais voltado a ações ou derivativos, se alavanca ou não.
Fundos com aplicação mínima
de até R$ 5 mil da tabela tiveram
em média desempenho melhor
em 15 meses do que os fundos que
exigem mais recursos. E, quanto
menor o volume aplicado, maior
é a taxa de administração, o que
consome parte do ganho.
"Na primeira faixa, há muitos
fundos mais voltados para ações,
que ganharam com a alta da Bolsa", diz Charles Nogueira Ferraz,
superintendente da BankBoston
Asset, que tem três fundos entre
os mais rentáveis só nesta categoria de menor aplicação. Expectativa para os multimercados? "Depende de qual será a política econômica do governo. Deve ficar
nesse banho-maria", diz Máscolo.
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