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EM MOEDA
Nos 15 meses iniciais do governo Lula, aplicação teve queda de 11,11%, mas analistas já vêem recuperação até o final do ano
Dólar e "cupom" derrubam fundos cambiais
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos cambiais perderam o
brilho com o recuo do dólar desde
meados do ano passado e renderam menos do que a caderneta de
poupança. Nos 15 primeiros meses do atual governo, os fundos
cambiais acumularam uma variação de -11,11%, enquanto a poupança rendeu 13,84%.
Essa foi a categoria de fundos
com pior desempenho no período. Os resultados acumulados entre janeiro de 2003 e março deste
ano foram influenciados pela cotação média do dólar (taxa Ptax),
que caiu 17,43%, e pela redução
do chamado "cupom cambial". O
"cupom" é a taxa de juros paga
pelo governo nos títulos públicos
indexados ao dólar.
São esses papéis que recheiam
as carteiras dos fundos cambiais e
determinam seus rendimentos,
pois os fundos não podem aplicar
diretamente em dólar. O "cupom", que chegou a 100% ao ano
para operações de 30 dias em julho de 2002, no auge da crise eleitoral, está hoje em 1% ao ano.
Com a perda de rentabilidade
dos títulos cambiais, apenas um
dos dez fundos classificados pelo
Labfin na faixa de aplicação mínima de até R$ 5.000 obteve retorno
positivo nos 15 meses de governo
Lula encerrados em março.
O BB Cambial Euro Progressivo
rendeu no período 2,17% (16,3%
do que pagou a caderneta de poupança). Segundo Nelson Rocha
Augusto, presidente da BBDTV,
distribuidora do Banco do Brasil,
o fundo BB Cambial Euro Progressivo aplica sobretudo em títulos de empresas denominados em
euro e com boa avaliação de risco.
Esses títulos acompanham a variação do euro em relação ao dólar e embutem taxa de juro, o "cupom" cambial. No entanto, apesar da valorização de 17,38% do
euro em relação ao dólar nos 15
meses encerrados em março, fundos referenciados naquela moeda
tiveram baixa performance.
Como a aplicação é feita em
reais, e a moeda brasileira também valorizou-se em relação ao
dólar no período, essa variação
anulou o ganho que o investidor
teria por ter aplicado em papéis
que acompanham o euro. "Além
disso, a taxa de juros embutida
nos títulos em euro caiu muito,
acompanhando a queda das taxas
internacionais", diz Augusto.
Ocasião
Para os analistas, os fundos
cambiais visam proteger o investidor da variação cambial. Tentar
obter ganho especulativo com
câmbio é tarefa para especialistas,
pois moeda é um ativo extremamente volátil e de alto risco.
"Os fundos cambiais são de ocasião, indicados em momentos de
grande oscilação no câmbio, especialmente para quem tem dívidas em moeda estrangeira ou vai
viajar ao exterior", diz Marcos de
Callis, diretor de Investimentos
da HSBC Brain, a administradora
de recursos do HSBC.
Os investidores, no entanto, começam a olhar para o médio prazo, antevendo uma evolução da
atual taxa de câmbio. Em abril, os
fundos cambiais tiveram entrada
líquida de R$ 175 milhões até o dia
20, segundo Callis. "No segundo
semestre, à medida que se aproxime 2005 e os juros americanos subam, o fluxo de recursos para países emergentes, como o Brasil, deverá encolher", afirma.
Emanuel Pereira, diretor da
Gap Asset Management, recomenda investimentos em câmbio
como diversificação de portfólio
para investidores de maior porte,
com carteira superior a R$ 500
mil. "Nesse caso, se a pessoa tem
despesas em dólar, vale a pena entrar num fundo cambial", avalia.
(SANDRA BALBI)
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