São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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Congressistas criticam decisão de Evo Morales

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na contramão da postura adotada pelo presidente Lula, congressistas reagiram com pesadas críticas à decisão do presidente boliviano Evo Morales de nacionalizar a exploração de gás e petróleo naquele país. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que não pode haver "condescendência com tal desvario". Aldo Rebelo (PC do B-SP), presidente da Câmara, afirmou que o Brasil deve "defender energicamente os interesses nacionais".
Parlamentares ligados à área de relações externas, além de Rebelo e Calheiros, discutiam ontem a criação de uma comissão geral para analisar o caso e a possibilidade de envio de uma missão legislativa à Bolívia.
"O governo brasileiro tem que reagir, ser duro na defesa da Petrobras e do Estado brasileiro, não dá para ser condescendente com um desvario desses, com essa quebra de contrato, com essa insegurança jurídica", afirmou Renan.
Aldo defendeu a negociação enérgica com a Bolívia em busca de "soluções de preservação dos interesses do Brasil".
"Creio que o Brasil deve agir de forma a respeitar a soberania de um país vizinho e ao mesmo tempo defender energicamente os interesses nacionais representados pela presença da Petrobras", disse Rebelo.
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, também criticou o governo boliviano ao afirmar que Morales errou ao patrocinar uma "nacionalização hostil".
"Não podemos demonizar o presidente boliviano pelo movimento que faz no seu país pela nacionalização do mineral, mas também não podemos apoiar uma nacionalização hostil", afirmou Berzoini.
O presidente do PMDB, Michel Temer, também comentou o decreto colombiano. "O governo tem que ser rigoroso na defesa dos interesses nacionais."

Palanque eleitoral
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, e o presidente nacional do partido, Tasso Jereissati, usaram ontem a decisão da Bolívia de nacionalizar a exploração de gás e petróleo no país, entre elas a feita pela Petrobras, para criticar a política externa do governo Lula e chamar o presidente de "omisso".
Ambos afirmaram que Lula tem a "obrigação de defender os interesses nacionais" e que deve agir. Para Alckmin, Lula "está colhendo o que plantou" em relação à Bolívia.
Tasso diz que Lula não cumpre com a obrigação de defender interesses brasileiros "imediatamente". (RANIER BRAGON, SILVIO NAVARRO e LUCIANA CONSTANTINO)


Colaborou Kamila Fernandes, da Agência Folha, em Fortaleza

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