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AQUISIÇÃO
Bank of America, controlador do Boston, receberá pagamento em ações e passará a deter 5,8% do capital do Itaú
Itaú compra BankBoston por US$ 2,2 bi
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A compra do BankBoston pelo
Itaú, por US$ 2,2 bilhões, anunciada ontem, foi considerada pelo
mercado um casamento perfeito
-tanto que as ações do Itaú subiram 4,1% ontem. Desde que ficaram mais fortes os boatos sobre a
negociação, há 15 dias, os papéis
do banco valorizaram-se 7,7%.
Pelo acordo assinado na segunda-feira entre o Itaú e o Bank of
America, controlador do Boston,
não entrará dinheiro na operação.
O Bank of America receberá
68,518 milhões de ações do Itaú,
passando a deter 5,8% do capital
total do segundo maior banco privado do país.
Além das operações do BankBoston no Brasil, o Itaú terá preferência na aquisição das operações
do banco americano no Uruguai e
no Chile, conforme prevê o acordo. A opção de compra dessas
unidades deverá ser exercida em
até 90 dias, e a aquisição tem de
ser aprovada pelos bancos centrais daqueles países.
Na opinião de analistas, o negócio mostra que o setor bancário
brasileiro -graças à sua alta rentabilidade- passou a ser um importante "player" regional. Ao adquirir o Boston, controlado pelo
Bank of America, o Itaú se credencia a competir com o Santander na região, diz um analista. O
Santander é líder na América Latina com 28 milhões de clientes.
Para o presidente do Itaú, Roberto Setubal, entretanto, o foco
do conglomerado continua sendo
o mercado brasileiro. "Temos espaço para continuar crescendo no
país, mas vemos que as unidades
do BankBoston no Chile e no
Uruguai são uma oportunidade
para estarmos presentes também
nesses mercados", disse. Mas Setubal não descartou a possibilidade de "um dia o Itaú ter uma internacionalização maior".
Ao anunciar a assinatura do
acordo com o Bank of America,
Setubal não escondia sua satisfação -que contrastava com o
semblante desolado de Geraldo
Carbone, presidente do BankBoston Brasil. Segundo analistas de
mercado, Carbone travou uma
batalha titânica para evitar a venda do banco e convencer os controladores que a operação brasileira era viável.
Ontem mesmo Carbone anunciou aos seus 4.800 funcionários
que o banco está trocando de
mãos. Hoje ele almoça com Setubal, na sede do Itaú, para começar
a desenhar a transição. No mercado, já se comenta que a consolidação dos dois bancos deverá resultar na demissão de um terço do
pessoal do Boston.
Setubal, entretanto, diz que "a
intenção é aproveitar o máximo
de funcionários do BankBoston".
Ele diz que pretende manter o
pessoal das agências, aproveitar o
"turn-over" natural do Itaú para
incorporar funcionários do Boston, mas admitiu que o número
de funcionários, no final, não será
igual à soma do contingente atual
dos dois bancos.
Agências
As agências do Boston serão
mantidas, segundo Setubal, mas
passarão a ostentar a marca Itaú.
"O negócio não incluiu a compra
da marca BankBoston que deverá
sair do mercado brasileiro a partir
de 2007", informou.
Antes de ser oficialmente sacramentada, a incorporação das operações do BankBoston no Brasil
pelo Itaú precisará do aval do
Banco Central. As duas instituições têm, a contar desta terça-feira, 15 dias para encaminhar todos
os detalhes do negócio para análise dos técnicos do BC. O diretor
de Normas da instituição, Alexandre Tombini, foi avisado informalmente, ontem pela manhã,
que o acordo estava selado.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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