São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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AQUISIÇÃO

Bank of America, controlador do Boston, receberá pagamento em ações e passará a deter 5,8% do capital do Itaú

Itaú compra BankBoston por US$ 2,2 bi

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A compra do BankBoston pelo Itaú, por US$ 2,2 bilhões, anunciada ontem, foi considerada pelo mercado um casamento perfeito -tanto que as ações do Itaú subiram 4,1% ontem. Desde que ficaram mais fortes os boatos sobre a negociação, há 15 dias, os papéis do banco valorizaram-se 7,7%.
Pelo acordo assinado na segunda-feira entre o Itaú e o Bank of America, controlador do Boston, não entrará dinheiro na operação. O Bank of America receberá 68,518 milhões de ações do Itaú, passando a deter 5,8% do capital total do segundo maior banco privado do país.
Além das operações do BankBoston no Brasil, o Itaú terá preferência na aquisição das operações do banco americano no Uruguai e no Chile, conforme prevê o acordo. A opção de compra dessas unidades deverá ser exercida em até 90 dias, e a aquisição tem de ser aprovada pelos bancos centrais daqueles países.
Na opinião de analistas, o negócio mostra que o setor bancário brasileiro -graças à sua alta rentabilidade- passou a ser um importante "player" regional. Ao adquirir o Boston, controlado pelo Bank of America, o Itaú se credencia a competir com o Santander na região, diz um analista. O Santander é líder na América Latina com 28 milhões de clientes.
Para o presidente do Itaú, Roberto Setubal, entretanto, o foco do conglomerado continua sendo o mercado brasileiro. "Temos espaço para continuar crescendo no país, mas vemos que as unidades do BankBoston no Chile e no Uruguai são uma oportunidade para estarmos presentes também nesses mercados", disse. Mas Setubal não descartou a possibilidade de "um dia o Itaú ter uma internacionalização maior".
Ao anunciar a assinatura do acordo com o Bank of America, Setubal não escondia sua satisfação -que contrastava com o semblante desolado de Geraldo Carbone, presidente do BankBoston Brasil. Segundo analistas de mercado, Carbone travou uma batalha titânica para evitar a venda do banco e convencer os controladores que a operação brasileira era viável.
Ontem mesmo Carbone anunciou aos seus 4.800 funcionários que o banco está trocando de mãos. Hoje ele almoça com Setubal, na sede do Itaú, para começar a desenhar a transição. No mercado, já se comenta que a consolidação dos dois bancos deverá resultar na demissão de um terço do pessoal do Boston.
Setubal, entretanto, diz que "a intenção é aproveitar o máximo de funcionários do BankBoston". Ele diz que pretende manter o pessoal das agências, aproveitar o "turn-over" natural do Itaú para incorporar funcionários do Boston, mas admitiu que o número de funcionários, no final, não será igual à soma do contingente atual dos dois bancos.

Agências
As agências do Boston serão mantidas, segundo Setubal, mas passarão a ostentar a marca Itaú. "O negócio não incluiu a compra da marca BankBoston que deverá sair do mercado brasileiro a partir de 2007", informou.
Antes de ser oficialmente sacramentada, a incorporação das operações do BankBoston no Brasil pelo Itaú precisará do aval do Banco Central. As duas instituições têm, a contar desta terça-feira, 15 dias para encaminhar todos os detalhes do negócio para análise dos técnicos do BC. O diretor de Normas da instituição, Alexandre Tombini, foi avisado informalmente, ontem pela manhã, que o acordo estava selado.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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