São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2004

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DIAS DE TENSÃO

Na véspera da reunião da Opep, Emirados Árabes e Kuait anunciam bombeamento maior, e barril recua a US$ 39,96

Países elevam produção, e petróleo cai 5,6%

DA REDAÇÃO

Na véspera da reunião de cúpula da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), os Emirados Árabes Unidos anunciaram que irão aumentar sua produção de petróleo em 400 mil barris por dia ainda neste mês. O Kuait também informou que aumentará em 100 mil barris diários seu bombeamento.
Os anúncios acalmaram os mercados. Em Nova York, o barril encerrou os negócios cotado a US$ 39,96, após ter batido o recorde nominal anteontem. A queda foi de 5,6%. Em Londres, o Brent caiu 5,68%, cotado a US$ 36,86.
Hoje, em Beirute, 10 dos 11 países-membros da Opep se reúnem para discutir sua política de produção. O Iraque não participa.
O cartel entra na reunião sob pressão dos países consumidores do petróleo, que querem a elevação da produção como forma de reduzir os preços. A Argélia, que faz parte da Opep, propôs que o cartel suspenda a limitação da produção pelo sistema de cotas.
Mas o fim das cotas é uma idéia que dificilmente vingará na reunião de hoje. Kuait e Qatar já se manifestaram contrários à proposta. Os outros membros do cartel não se manifestaram ontem.
Por outro lado, há a expectativa de que os países resolvam elevar sua produção em conjunto.
"Nas atuais circunstâncias [de mercado], eu acredito que o aumento precisa ser superior a 2 milhões de barris por dia para ter efeito", disse o ministro do Petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Obaid al-Nasseri.
Seu colega do Qatar, Abdullah al-Attiyah, disse acreditar que todos os membros da Opep apóiam uma elevação de produção de 2,5 milhões de barris por dia.
"É o melhor que podemos fazer", disse o ministro do Petróleo do Qatar. "A Opep quer enviar um sinal forte para o mercado, mas não pode controlar o fator medo, os especuladores e os fatores geopolíticos. Gostaríamos de poder fazê-lo. O que podemos fazer é aumentar o suprimento."
O ministro acrescentou não acreditar que o cartel irá suspender sua cota de produção.
De qualquer maneira, pela primeira vez em seus 44 anos, a Opep está chegando perto de sair do nível de segurança que mantém para atender aos mercados em tempos de crise.
"Suspensão de cotas é a última arma a ser usada", afirmou o consultor Roger Diwan, da PFC Energy. "Essa é a hora de fazer isso? Eu acho que não, porque há óleo suficiente no mercado."
O ministro do petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, disse que não poderia garantir que o preço do óleo vá cair, mesmo que a produção do cartel aumente.
"A razão principal [para a alta] é haver uma percepção de que haverá uma falta do produto no futuro como resultado da instabilidade nos países produtores. Não há o déficit agora, mas já existe a especulação", disse.
O discurso que une os países-membros parece ser o mesmo: ainda que elevem ao máximo sua produção -e parecem dispostos a isso, sempre dentro do sistema de cotas-, o preço não vai cair ao nível que os países consumidores gostariam.
Isso porque há outros fatores pressionando os preços, como o aumento da demanda por parte da China, as ameaças terroristas e o início das férias de verão dos Estados Unidos, o maior consumidor do mundo.
Hoje ainda serão divulgados os estoques atuais de combustível norte-americanos, o que pode voltar a pressionar a cotação do petróleo.


Com agências internacionais e o "Financial Times"

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