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Nove empresas deram R$ 26 mi a ex-auditores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ex-auditores da Receita
Federal Sandro Martins Silva e Paulo Baltazar Carneiro,
sócios da Martins Carneiro
Consultoria, receberam ao
menos R$ 26 milhões de nove empresas, segundo investigação iniciada por comissão de inquérito aberta pela Corregedoria da Receita em
2003, na gestão do ex-corregedor Moacir Leão, que embasou 12 ações do Ministério
Público Federal, por improbidade administrativa, contra Sandro e Paulo.
As ações ainda estão em
curso, mas a Justiça chegou a
decretar, liminarmente, bloqueio parcial de bens dos
dois. Os investigadores reuniram provas de que ao menos três clientes da dupla obtiveram mudanças na legislação em seu favor: o McDonald's, a Fiat Automóveis e a
importadora Eximbiz. As alterações foram confirmadas
na gestão do então secretário
da Receita, Everardo Maciel.
A Martins Carneiro recebeu
dessas empresas, respectivamente, R$ 1,5 milhão, R$ 2,18
milhões e R$ 1,33 milhão.
As três empresas foram
acusadas nas ações contra os
ex-auditores de terem sido
beneficiadas pela suposta
"venda de legislação". Everardo foi acusado de improbidade nos casos Fiat e
McDonald's. Não houve até
hoje nenhum processo transitado em julgado.
O maior caso da dupla, no
entanto, foi o da construtora
OAS, cujo contrato lhes rendeu R$ 18,35 milhões. O atual
secretário da Receita, Jorge
Rachid, é réu no processo envolvendo o caso OAS, acusado pelo Ministério Público
de obstruir as investigações
da Corregedoria da Receita.
Rachid é um dos principais
suspeitos, ainda quando auditor, de ter feito deliberadamente um auto de infração
falho contra a OAS, em 1994.
O objetivo seria facilitar a
derrubada do auto, o que beneficiaria Sandro e Paulo,
contratados da construtora.
Dois dos três integrantes da
comissão de inquérito que
apurava o caso foram afastados no meio da investigação.
Há ainda um processo administrativo contra Rachid,
também no caso OAS, parado na Procuradoria Geral da
Fazenda Nacional desde
meados de 2006 e que prescreve em agosto.
Paulo e Sandro receberam
também R$ 1,27 milhão da
coletora de lixo Vega Engenharia (prestadora de serviços da Prefeitura de São Paulo e uma das principais doadoras dos diretórios estadual
e nacional do PT) e R$ 950
mil da Brasil Telecom e do
banco Opportunity, que administrava a telefônica. A
empreiteira Norcon (R$ 410
mil) e a Refrigerantes Brasília (R$ 40 mil) também contrataram os serviços dos dois
auditores.
Todas as empresas tinham
algum problema com a Receita ou autuações que queriam derrubar na esfera administrativa ou por meio de
mudanças na legislação tributária. Juntas, as nove empresas tinham autuações da
Receita no total de R$ 1,81 bilhão.
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