São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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COLAPSO DA ARGENTINA

Ontem, moeda recuou diante de possível acordo com o FMI

Dólar deve cair com eleição em 2003

DE BUENOS AIRES

O dólar deve apresentar uma tendência firme de baixa nos próximos dias, devido à decisão do presidente Eduardo Duhalde de adiantar para março a realização da nova eleição presidencial.
A moeda norte-americana fechou em baixa de 2,6% ontem, vendida a 3,75 pesos nas casas de câmbio de Buenos Aires. O Banco Central precisou vender apenas US$ 3,5 milhões das reservas internacionais para derrubar a cotação.
Segundo analistas de mercado, essa desvalorização foi influenciada apenas pelo maior otimismo em relação ao fechamento de um breve acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O mercado de câmbio, que fecha às 15h, não teria tido tempo de refletir a decisão de Duhalde ontem.
O otimismo em relação ao FMI foi gerado pelo porta-voz do organismo, Thomas Dawson, que ontem deixou claro que as negociações com a Argentina passam agora por um "novo momento".
Segundo ele, uma missão negociadora será enviada a Buenos Aires nos próximos dias e não está descartada a possibilidade de que o acordo seja fechado ainda neste mês. "Nós estamos entrando em um período de atividade muito grande."
Para analistas, no entanto, a partir de hoje o câmbio vai refletir mais a decisão de Duhalde de antecipar as eleições do que as negociações com o FMI.
Segundo o economista Rafael Ber, da consultoria Argentine Research, o adiantamento das eleições é uma "notícia positiva" para o mercado financeiro.
"Esse governo tem um problema de representatividade que não permite encarar as reformas estruturais mais profundas que vêm exigindo os organismos internacionais."
Já o presidente do banco Piano, Alfredo Piano, disse que a moeda norte-americana deve permanecer em baixa nos próximos dias porque a decisão de Duhalde "acaba com a loucura de comprar dólares."
Para ele, a atual cotação do dólar próxima a 3,70 pesos reflete um "alto conteúdo político". "Com um dólar a 3 pesos os exportadores já poderiam encher os mercados externos de produtos.
Outra análise positiva sobre a antecipação das eleições foi feita pelo economista Guido Tavelli. Segundo ele, o impacto positivo que a antecipação das eleições terá no dólar foi sentido pela Bolsa de Buenos Aires ontem.
O mercado operava em baixa de 5% por volta das 16h, quando vazou a decisão de Duhalde. Uma hora depois, a Bolsa fechou em baixa de apenas 2,7%. (JS)


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