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COLAPSO DA ARGENTINA
Ontem, moeda recuou diante de possível acordo com o FMI
Dólar deve cair com eleição em 2003
DE BUENOS AIRES
O dólar deve apresentar uma
tendência firme de baixa nos próximos dias, devido à decisão do
presidente Eduardo Duhalde de
adiantar para março a realização
da nova eleição presidencial.
A moeda norte-americana fechou em baixa de 2,6% ontem,
vendida a 3,75 pesos nas casas de
câmbio de Buenos Aires. O Banco
Central precisou vender apenas
US$ 3,5 milhões das reservas internacionais para derrubar a cotação.
Segundo analistas de mercado,
essa desvalorização foi influenciada apenas pelo maior otimismo
em relação ao fechamento de um
breve acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional). O mercado de câmbio, que fecha às 15h,
não teria tido tempo de refletir a
decisão de Duhalde ontem.
O otimismo em relação ao FMI
foi gerado pelo porta-voz do organismo, Thomas Dawson, que ontem deixou claro que as negociações com a Argentina passam
agora por um "novo momento".
Segundo ele, uma missão negociadora será enviada a Buenos Aires nos próximos dias e não está
descartada a possibilidade de que
o acordo seja fechado ainda neste
mês. "Nós estamos entrando em
um período de atividade muito
grande."
Para analistas, no entanto, a
partir de hoje o câmbio vai refletir
mais a decisão de Duhalde de antecipar as eleições do que as negociações com o FMI.
Segundo o economista Rafael
Ber, da consultoria Argentine Research, o adiantamento das eleições é uma "notícia positiva" para
o mercado financeiro.
"Esse governo tem um problema de representatividade que não
permite encarar as reformas estruturais mais profundas que vêm
exigindo os organismos internacionais."
Já o presidente do banco Piano,
Alfredo Piano, disse que a moeda
norte-americana deve permanecer em baixa nos próximos dias
porque a decisão de Duhalde
"acaba com a loucura de comprar
dólares."
Para ele, a atual cotação do dólar
próxima a 3,70 pesos reflete um
"alto conteúdo político". "Com
um dólar a 3 pesos os exportadores já poderiam encher os mercados externos de produtos.
Outra análise positiva sobre a
antecipação das eleições foi feita
pelo economista Guido Tavelli.
Segundo ele, o impacto positivo
que a antecipação das eleições terá no dólar foi sentido pela Bolsa
de Buenos Aires ontem.
O mercado operava em baixa de
5% por volta das 16h, quando vazou a decisão de Duhalde. Uma
hora depois, a Bolsa fechou em
baixa de apenas 2,7%.
(JS)
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