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PREÇOS
Segundo economistas, reajuste do combustível fará IPCA chegar a 5,8% no ano, acima do limite superior, fixado em 5,5%
Alta da gasolina complica meta da inflação
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Depois do reajuste dos combustíveis, anunciado na sexta-feira,
cumprir a meta oficial de inflação
tornou-se uma tarefa praticamente impossível para o governo.
Com o impacto dos aumentos,
economistas já estimam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), referência para o
sistema de metas do governo,
chegará a 5,8% neste ano. A projeção supera o limite superior da
meta, que é de 5,5%.
Segundo cálculos feitos pela Folha a partir de dados do IBGE, a
gasolina terá impacto de 0,28
ponto percentual na inflação deste mês se for repassado ao consumidor todo o aumento na refinaria, de 6,75%, válido desde domingo. O peso do aumento, sozinho, é maior do que toda a inflação de maio (0,21%).
No caso do diesel, o impacto será menor: 0,01 ponto, caso chegue
às bombas a alta de 9,5%.
A Consultoria Tendências e o
banco Lloyds TSB esperam um
peso da gasolina um pouco menor: 0,22 ponto percentual, pois
consideram o repasse de 80% da
alta na refinaria.
Antes mesmo de contabilizar os
reajustes, o boletim "Focus", do
Banco Central, havia informado
anteontem que o mercado já projetava, pela primeira vez, um IPCA maior do que o teto da meta.
Previa-se taxa de 5,53%.
"Esse aumento vem coroar a
possibilidade de não cumprir a
meta, já que se entende que os aumentos vieram para ficar. Mesmo
que o petróleo caia lá fora, a taxa
de câmbio deve determinar novos
reajustes", disse o economista
Luiz Afonso Lima, do BBV.
Com os reajustes, Lima prevê
um IPCA de 0,70% em julho, mês
que concentrará quase toda a alta
dos combustíveis, pois os aumentos passaram a valer já no dia 1º. O
Lloyds e a Tendências esperam
ainda mais: inflação de 1%.
Além da gasolina, o economista
Wilson Ramião, do Lloyds, afirmou que a inflação ficará pressionada por causa dos alimentos,
que subirão com a entressafra e
com as altas da energia e telefone.
Tanto Lima como Ramião afirmam que o pior é que não se sabe
quando o dólar vai parar de subir
e deixar de refletir na gasolina,
que é o item ao consumidor que
mais sofre o efeito cambial.
Já Marcela Prada, da Tendências, acredita que o atual reajuste
deve ser compensado pela queda
do petróleo no fim do ano, quando a demanda é menor no hemisfério Norte, e com um recuo do dólar depois das eleições. Mesmo assim, ela prevê um IPCA de 5,8%
em 2002. O Lloyds estima 5,5%.
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