São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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PREÇOS

Segundo economistas, reajuste do combustível fará IPCA chegar a 5,8% no ano, acima do limite superior, fixado em 5,5%

Alta da gasolina complica meta da inflação

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois do reajuste dos combustíveis, anunciado na sexta-feira, cumprir a meta oficial de inflação tornou-se uma tarefa praticamente impossível para o governo.
Com o impacto dos aumentos, economistas já estimam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), referência para o sistema de metas do governo, chegará a 5,8% neste ano. A projeção supera o limite superior da meta, que é de 5,5%.
Segundo cálculos feitos pela Folha a partir de dados do IBGE, a gasolina terá impacto de 0,28 ponto percentual na inflação deste mês se for repassado ao consumidor todo o aumento na refinaria, de 6,75%, válido desde domingo. O peso do aumento, sozinho, é maior do que toda a inflação de maio (0,21%).
No caso do diesel, o impacto será menor: 0,01 ponto, caso chegue às bombas a alta de 9,5%.
A Consultoria Tendências e o banco Lloyds TSB esperam um peso da gasolina um pouco menor: 0,22 ponto percentual, pois consideram o repasse de 80% da alta na refinaria.
Antes mesmo de contabilizar os reajustes, o boletim "Focus", do Banco Central, havia informado anteontem que o mercado já projetava, pela primeira vez, um IPCA maior do que o teto da meta. Previa-se taxa de 5,53%.
"Esse aumento vem coroar a possibilidade de não cumprir a meta, já que se entende que os aumentos vieram para ficar. Mesmo que o petróleo caia lá fora, a taxa de câmbio deve determinar novos reajustes", disse o economista Luiz Afonso Lima, do BBV.
Com os reajustes, Lima prevê um IPCA de 0,70% em julho, mês que concentrará quase toda a alta dos combustíveis, pois os aumentos passaram a valer já no dia 1º. O Lloyds e a Tendências esperam ainda mais: inflação de 1%.
Além da gasolina, o economista Wilson Ramião, do Lloyds, afirmou que a inflação ficará pressionada por causa dos alimentos, que subirão com a entressafra e com as altas da energia e telefone.
Tanto Lima como Ramião afirmam que o pior é que não se sabe quando o dólar vai parar de subir e deixar de refletir na gasolina, que é o item ao consumidor que mais sofre o efeito cambial.
Já Marcela Prada, da Tendências, acredita que o atual reajuste deve ser compensado pela queda do petróleo no fim do ano, quando a demanda é menor no hemisfério Norte, e com um recuo do dólar depois das eleições. Mesmo assim, ela prevê um IPCA de 5,8% em 2002. O Lloyds estima 5,5%.



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