São Paulo, quarta-feira, 03 de julho de 2002

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FRAUDES DO CAPITAL

Ações do grupo de mídia já despencaram 70% neste ano; contabilidade da empresa é questionada

Bola da vez, Vivendi Universal cai 25,5%

DA REDAÇÃO

Os mercados globais não tiveram tempo para respirar, depois do abalo provocado pelo escândalo da empresa de telecomunicações norte-americana WorldCom, na semana passada. Ontem a bola da vez foi a Vivendi Universal, cujas ações chegaram a desabar 40%.
Todas as principais Bolsas encerraram o dia no vermelho. Nos EUA, a Nasdaq bateu novo recorde de baixa.
A crise na Vivendi Universal se agravou depois que o jornal francês "Le Monde" publicou ontem uma reportagem que põe em xeque a lisura da contabilidade da companhia. O grupo também teve sua classificação rebaixada pela agência Moody's.
Os investidores entraram em pânico, por temer uma concordata, e iniciaram uma venda maciça dos papéis do grupo francês. Ao final do dia, as ações fecharam com queda de 25,5%.

Origem no esgoto
A Vivendi, que nasceu na França como uma estatal de serviços de água e esgoto há 150 anos, tornou-se uma das maiores corporações de mídia do planeta ao assumir o controle da americana Universal. Em meio a uma grave crise de credibilidade e sob severa pressão dos acionistas, o presidente da companhia, Jean-Marie Messier, foi obrigado a renunciar ao cargo no começo da semana.
Só neste ano, as ações da Vivendi já perderam 70% de seu valor. Para evitar a bancarrota, a empresa estaria em conversas com bancos para assegurar um empréstimo emergencial estimado entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões.
Messier tem sido responsabilizado pelas dificuldades da empresa. O executivo teria agido rápido demais ao transformar a centenária companhia de saneamento em uma gigante que controla a Universal e é dona do "passe" de celebridades pop como Sting e U2.
"Tentei fazer muito, muito rápido", afirmou Messier em entrevista ao jornal "Le Figaro".

"Junk"
De acordo com os analistas, o novo presidente do grupo, que ainda não foi apontado, terá uma dura tarefa para recuperar a confiança perdida. Com o rebaixamento de ontem, a agência Moody's derrubou a classificação dos papéis da dívida de longo prazo para a categoria de "junk bonds" (de risco elevado).
"Há uma reação de pânico. Os investidores correm a cada menção das palavras "contabilidade" e "irregularidade'", disse um analista francês. "Com a renúncia do presidente [Messier" e dúvidas sobre a estratégia do grupo, o investidor não tem motivos para ficar com as ações da Vivendi."


Com agências internacionais


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