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TRABALHO
Saída das indústrias dos centros para as pequenas cidades e expansão do agronegócio explicam aumento de 92 a 2002
Emprego cresceu mais no interior, diz Ipea
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De 1992 a 2002, o emprego cresceu mais no interior do país, segundo estudo inédito do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) obtido pela Folha. O
número de pessoas ocupadas nas
áreas urbanas fora das metrópoles teve aumento de 35,8%, enquanto nas seis regiões metropolitanas pesquisadas mensalmente
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) a expansão foi de 25%.
Na média nacional, a ocupação
cresceu 21%. Já nas áreas rurais
houve queda de 18,1%, devido ao
alargamento do perímetro urbano das cidades, de acordo com o
trabalho, feito com base em dados
da Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios).
Dois são os principais motivos
para o melhor desempenho do interior: migração das indústrias
dos grandes centros para as pequenas e médias cidades e a expansão do agronegócio.
Elaborado pelo economista
Lauro Ramos, o estudo releva
que, nas seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e
Recife), foram gerados 3,9 milhões de empregos na década.
Nas áreas urbanas fora desses
grandes centros, aumentou em
10,2 milhões o total de pessoas
ocupadas. Já nas regiões rurais,
houve retração de 2,6 milhões de
postos de trabalho. O total de pessoas ocupadas no país era de 74,1
milhões em 2002.
Para Ramos, "houve uma realocação espacial dos postos de trabalho", tendência impulsionada
principalmente pela indústria.
"Nota-se que houve uma migração da indústria especialmente da
região metropolitana de São Paulo para o interior do Estado, de
Minas e do Paraná", disse ele.
Fábio Romão, economista da
LCA, concorda. Ele diz que a
guerra fiscal da década de 90 levou as indústrias para o interior.
Também houve, afirma, o beneficio propiciado pela expansão do
agronegócio, que gera mais renda
e movimenta a economia local.
Romão ressalta, porém, que esse processo não foi uniforme em
todo o interior do país e que o desemprego não é exclusividade dos
grandes núcleos metropolitanos.
"O problema do desemprego é
principalmente metropolitano,
mas não dá para dizer que é só
metropolitano. O dinamismo do
interior está mais ligado ao que
chamamos de "agrolândia", que
envolve São Paulo, Rio Grande do
Sul, Paraná, Minas e o Centro-Oeste", diz Romão.
Embora o emprego industrial
tenha crescido numa proporção
menor (8,9% na média nacional),
ele teve uma expansão de 26,3%
fora dos seis grandes centros incluídos na PME (Pesquisa Mensal
de Emprego) do IBGE. Nessas
áreas, o total de pessoas ocupadas
no setor caiu 9,2% na década.
Taxa de desemprego
Em dez anos, segundo o estudo,
a taxa de desemprego saltou de
9,9% em 1992 para 13,6% em 2002
nas seis regiões metropolitanas. É
um patamar bem maior do que o
registrado nas áreas não-metropolitanas urbanas, nas quais a taxa passou de 8% para 9,6%. Nas
áreas rurais, subiu de 1,9% para
2,7%. Na média nacional, aumentou de 7,2% para 9,9%.
No Brasil, o total de pessoas desempregadas cresceu 70,8% de
1992 a 2002. Teve alta de 80,6%
nas seis regiões da PME. Já nas
áreas urbanas do interior, a alta
foi de 65,4%; nas rurais, de 20%.
Formalidade
Na contramão do que mostra a
PME, que tem registrado crescimento da informalidade de 2003
para cá, o emprego formal aumentou, em média, 22,7% de 1992
a 2002. O percentual é maior do
que a expansão média da ocupação (21%).
Foram as áreas urbanas do interior que impulsionaram a expansão, segundo o Ipea. Nessas regiões, o emprego com carteira assinada e no setor público teve aumento 35,8%.
Nas seis regiões metropolitanas
pesquisadas pelo IBGE, as contratações formais tiveram um incremento bem menor: 8,7%.
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