São Paulo, sábado, 03 de julho de 2004

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TRABALHO

Saída das indústrias dos centros para as pequenas cidades e expansão do agronegócio explicam aumento de 92 a 2002

Emprego cresceu mais no interior, diz Ipea

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

De 1992 a 2002, o emprego cresceu mais no interior do país, segundo estudo inédito do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) obtido pela Folha. O número de pessoas ocupadas nas áreas urbanas fora das metrópoles teve aumento de 35,8%, enquanto nas seis regiões metropolitanas pesquisadas mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a expansão foi de 25%.
Na média nacional, a ocupação cresceu 21%. Já nas áreas rurais houve queda de 18,1%, devido ao alargamento do perímetro urbano das cidades, de acordo com o trabalho, feito com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Dois são os principais motivos para o melhor desempenho do interior: migração das indústrias dos grandes centros para as pequenas e médias cidades e a expansão do agronegócio.
Elaborado pelo economista Lauro Ramos, o estudo releva que, nas seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife), foram gerados 3,9 milhões de empregos na década.
Nas áreas urbanas fora desses grandes centros, aumentou em 10,2 milhões o total de pessoas ocupadas. Já nas regiões rurais, houve retração de 2,6 milhões de postos de trabalho. O total de pessoas ocupadas no país era de 74,1 milhões em 2002.
Para Ramos, "houve uma realocação espacial dos postos de trabalho", tendência impulsionada principalmente pela indústria. "Nota-se que houve uma migração da indústria especialmente da região metropolitana de São Paulo para o interior do Estado, de Minas e do Paraná", disse ele.
Fábio Romão, economista da LCA, concorda. Ele diz que a guerra fiscal da década de 90 levou as indústrias para o interior. Também houve, afirma, o beneficio propiciado pela expansão do agronegócio, que gera mais renda e movimenta a economia local.
Romão ressalta, porém, que esse processo não foi uniforme em todo o interior do país e que o desemprego não é exclusividade dos grandes núcleos metropolitanos.
"O problema do desemprego é principalmente metropolitano, mas não dá para dizer que é só metropolitano. O dinamismo do interior está mais ligado ao que chamamos de "agrolândia", que envolve São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas e o Centro-Oeste", diz Romão.
Embora o emprego industrial tenha crescido numa proporção menor (8,9% na média nacional), ele teve uma expansão de 26,3% fora dos seis grandes centros incluídos na PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE. Nessas áreas, o total de pessoas ocupadas no setor caiu 9,2% na década.

Taxa de desemprego
Em dez anos, segundo o estudo, a taxa de desemprego saltou de 9,9% em 1992 para 13,6% em 2002 nas seis regiões metropolitanas. É um patamar bem maior do que o registrado nas áreas não-metropolitanas urbanas, nas quais a taxa passou de 8% para 9,6%. Nas áreas rurais, subiu de 1,9% para 2,7%. Na média nacional, aumentou de 7,2% para 9,9%.
No Brasil, o total de pessoas desempregadas cresceu 70,8% de 1992 a 2002. Teve alta de 80,6% nas seis regiões da PME. Já nas áreas urbanas do interior, a alta foi de 65,4%; nas rurais, de 20%.

Formalidade
Na contramão do que mostra a PME, que tem registrado crescimento da informalidade de 2003 para cá, o emprego formal aumentou, em média, 22,7% de 1992 a 2002. O percentual é maior do que a expansão média da ocupação (21%).
Foram as áreas urbanas do interior que impulsionaram a expansão, segundo o Ipea. Nessas regiões, o emprego com carteira assinada e no setor público teve aumento 35,8%.
Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, as contratações formais tiveram um incremento bem menor: 8,7%.


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