|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SANEAMENTO
Consórcio privado acusa Requião de quebrar contratos
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A Dominó Holdings S.A., acionista minoritária da Sanepar
(Companhia de Saneamento do
Paraná), divulgou ontem um
anúncio em jornais do país em
que acusa o governo do Paraná de
desrespeitar contratos de parceria
com a iniciativa privada. O governo do Paraná é o acionista majoritário da companhia.
Com o título "Governo do Paraná na contramão do país", o
anúncio diz que a posição do governo de Roberto Requião
(PMDB) "é uma contradição ao
esforço para implementar o projeto da PPP (Parceria Público-Privada)", do governo federal. Diz
que essa atitude pode "tornar ainda mais difíceis" investimentos
privados em infra-estrutura.
As acusações da Dominó se devem à decisão do governo do Paraná de promover um aumento
de capital de R$ 397,3 milhões na
companhia, sem a concordância
prévia dos acionistas minoritários. Para o grupo privado, o investimento do governo não passa
de manobra contábil para aumentar o controle acionário sobre
a companhia de água.
O anúncio saiu publicado no
dia seguinte à determinação do
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
para que o governo estadual cumpra os contratos com as concessionárias de rodovias do Paraná e
reconheça o reajuste de 15,34%
-aplicado hoje- nas tarifas do
pedágio. O aumento foi protelado
por sete meses por ações judiciais.
O diretor da Dominó Renato
Torres de Faria disse que a decisão do STJ não teve influência sobre o protesto da empresa. Na terça, a Assembléia Legislativa do
Paraná autorizou o governo a aumentar o capital na Sanepar.
"Cinco anos depois de o governo do Paraná chamar as empresas
para investir na Sanepar com regras claras, ele ignora os direitos
contidos no edital de 1998, mudando essas regras", disse Faria.
Segundo ele, o processo desrespeita a Lei das Sociedades Anônimas. A Dominó discute o assunto
na Justiça estadual.
Durante o governo de Jaime
Lerner (ex-PFL, hoje PSB), a Sanepar vendeu parte de suas ações
e manteve 52,5% do capital da
companhia. O Dominó, formado
por Andrade Gutierrez Concessões, Opportunity Daleth, Saledo
e Copel Participações, ficou com
34,75% do total. Requião assumiu
condenando termos do contrato e
alterando cláusulas por decreto.
Outro lado
Requião negou que o aumento
de capital na Sanepar sirva para
aumentar o controle do Estado
sobre a companhia. "Não há nenhuma manobra contábil. O governo faz valer tão-somente o
contrato original de 1998, que
previa aporte para futuro aumento de capital", afirmou, em resposta a perguntas enviadas por e-mail à sua assessoria.
Ele defendeu as alterações contratuais que promoveu por decreto afirmando que o governo anterior, apesar de majoritário na Sanepar, "curvou-se às exigências
do seu "sócio estratégico" [a Dominó]", devido a um acordo de
acionistas "que só trouxe prejuízos à população paranaense".
Texto Anterior: Decisão poderá aumentar juros Próximo Texto: Retomada: Montadoras têm melhor resultado desde 2001 Índice
|