São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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Para Mantega, inflação subiu "só um pouquinho"

Lula diz que país está em situação "confortável"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O presidente Lula e o ministro Guido Mantega (Fazenda) minimizaram os efeitos da inflação no Brasil, afirmando que a situação está mais confortável que a de outros emergentes.
Mantega disse que há "exagero" e "alarmismo fora de propósito" nas análises feitas sobre o aumento da inflação brasileira. Em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o ministro disse que os preços no Brasil subiram "só um pouquinho", que o governo vem tomando medidas para resolver o problema e que não abrirá mão do crescimento da economia.
"É exagerado falarmos em dragão da inflação. Dragão parece ser um monstro perigoso que vai nos devorar. Não estamos nesse ponto. O governo se preocupa [com a inflação], mas não chega a ser um monstro perigoso que pode causar maiores danos", disse Mantega.
O ministro também afirmou que não é necessário que as donas-de-casa comecem a fazer estoques, hábito comum durante os anos de inflação elevada no país. Para ele, o noticiário tem "exagerado na dose" e passa a impressão de que os preços estão subindo aceleradamente.
"Isso [alarmismo] acaba contagiando. O cidadão que fica lá, que não subiu o preço e fica ouvindo o noticiário, acaba se convencendo de que a inflação está subindo barbaramente, enquanto isso não é verdade."
A comparação com outros países foi um argumento de Mantega para mostrar que não há descontrole inflacionário. Entre os 20 países que adotam regimes de meta para a inflação, apenas o Brasil e Canadá, segundo os dados apresentados pelo ministro, tiveram aumentos de preços no intervalo de tolerância de suas metas.
"[A inflação] está subindo na China, na Rússia, aqui não. Aqui subiu um pouquinho, 1,5% a 2%. Então não é o caso de fazermos alarde."
Mantega também enfatizou que não abrirá mão do crescimento econômico. Segundo ele, a taxa de 5,4% do ano passado, será reduzida para entre 4,5% e 5% esse ano. "O ciclo de crescimento não será interrompido. Nós garantimos que o país continuará crescendo."
Segundo ele, a taxa de juros fixada pelo BC (Banco Central) "ainda está alta", mas é "preciso olhar as metas de inflação". Para o crédito, o ministro previu um crescimento menos acelerado que os atuais 32%. Uma desaceleração para cerca de 30% é esperada pelo governo.

Lula
Ao comentar o risco de escalada dos preços no país puxada pela crise internacional dos alimentos, o presidente Lula também disse que a situação inflacionária "é a mais confortável" no Brasil que entre os outros Brics (Rússia, Índia e China).
"Nós temos uma inflação causada por alimentos e é uma inflação mundial. Entre os Brics, o Brasil é o que tem menor inflação. Portanto, estamos em uma situação confortável dentro da meta que estabelecemos [4,5% de inflação com tolerância de dois pontos para mais ou para menos]."
No lançamento do Plano Agrícola e Pecuário, em Curitiba, o presidente defendeu o aumento na produção dos alimentos no combate à inflação.
O presidente disse que atribuir a alta dos alimentos a do preço do petróleo "é uma meia verdade" e acusou bancos que de tentarem "ganhar dinheiro especulando com os alimentos e com o petróleo."
Ele disse que abordará o tema na reunião do G8 (países mais industrializados e a Rússia), na semana que vem.
(DIMITRI DO VALLE e LEANDRA PERES)


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