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Indústria reage e cresce 1,3% em maio
IBGE e analistas veem recuperação mais firme; mas, em 12 meses, produção cai 5,1% até maio, pior marca desde 1991
Crescimento de 7,8% nos cinco primeiros meses do ano ainda é insuficiente para compensar a retração de 20% do fim de 2008
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Aos poucos, a indústria começa a reagir com mais força à
maior crise recente da sua história e a produção passa a crescer de modo mais firme e generalizado, embora num nível
ainda baixo se comparado ao
bom desempenho registrado
em 2007 e em 2008.
Tal retrato surge dos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Pelos dados de maio, a produção da indústria cresceu 1,3%
na comparação livre de influências sazonais com abril.
Foi o quinto crescimento consecutivo e atingiu a maioria dos
setores pesquisados -20 de 27.
Para Isabela Nunes Pereira,
economista da coordenação de
indústria do IBGE, o setor industrial vive uma fase "gradual
e contínua de recuperação". Tal
tendência, afirma, teve início
em janeiro deste ano e se intensificou agora em maio.
Apesar da melhora, o setor se
mantém fragilizado e num patamar de produção ainda muito
distante do de setembro do ano
passado, quando bateu no topo
histórico. Desde então, a indústria brasileira desceu ladeira
abaixo e alcançou o fundo do
poço em dezembro, quando o
patamar produtivo voltou aos
níveis de 2004.
De janeiro a maio, a indústria
cresceu 7,8% na taxa com ajuste sazonal -expansão insuficiente para compensar, porém,
a retração de 20% entre setembro e dezembro de 2008.
Segundo o IBGE, a perda de
fôlego desde o fim do ano passado resultou numa queda de
5,1% no acumulado dos 12 meses encerrados em maio -pior
desempenho da série da pesquisa, iniciada em 1991.
Agora, com o crescimento registrado na margem, o ritmo de
produção das fábricas está no
patamar de 2006 -ou seja, a
crise jogou por terra dois anos
de expansão do setor.
Em maio, a produção caiu
11,3% na comparação com igual
mês de 2008. Em abril, a queda
havia sido maior: 14,9%. Nessa
base de comparação, a indústria registrou a sétima taxa negativa mensal.
De um lado, estoques menores do que ao final de 2008, crédito mais farto e com prazos
maiores e rendimento intacto
-mesmo durante o auge da crise- impulsionam a melhora da
indústria. Nesse rol, está ainda
a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
-que ajudou especialmente o
setor de veículos, mas impulsionou também toda a sua cadeia de fornecedores.
Do outro lado, as exportações
em queda por causa da retração
da demanda global e a freada
dos investimentos no Brasil seguram ainda a indústria.
Segundo Nunes Pereira, os
dados mostram que o mercado
interno proporciona a maior
fonte de dinamismo à indústria, que reage de forma moderada, mas contínua. "O que é
muito importante porque o
crescimento é lento, mas não
há interrupção."
Em suas análises, Tendências Consultoria, LCA e Rosenberg & Associados compartilham da opinião de que os dados de maio indicam que a indústria vive uma fase de recuperação mais firme, sustentada
na melhora do crédito, no benefício fiscal do IPI e na demanda interna.
Setores
Para Marcela Prada, da Tendências, os veículos são os destaques desse início de recuperação, beneficiados pela redução do IPI. De janeiro a maio,
acumulam um crescimento de
64,9%. Apesar de expressiva,
tal expansão é ainda insuficiente, porém, para recompor as
perdas do pós-crise. No saldo
de setembro a maio, o setor registra queda de 24,9%, um dos
piores desempenhos entre todos os ramos. "O IPI ajudou e
impulsionou a produção de
uma série de outros setores que
fornecem para a indústria automotiva", diz ela.
Ainda entre os piores resultados desde o agravamento da
crise, em setembro, estão os de
máquinas e equipamentos
(-37%), material eletrônico e de
comunicações (-36,1%) e metalurgia (-24,1%).
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