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Estoque explica descompasso com o comércio
DA SUCURSAL DO RIO
Desde o agravamento da
crise, a indústria registra desempenho pior do que o comércio e os demais setores
de serviços. Dois são os motivos para esse descompasso:
os estoques ainda altos de alguns setores industriais e o
ritmo mais acelerado do consumo do Brasil do que no resto do mundo.
É que a indústria enfrenta
diretamente as consequências da queda das exportações, ao vender menos para
países mais afetados pela crise, nos quais a demanda teve
uma contração maior. Ou seja, uma fatia importante (estimada em cerca de 30%) do
que é produzido atende às
exportações, combalidas pela crise internacional.
Ao mesmo tempo, a indústria acumulou elevados estoques por causa da freada
brusca da economia a partir
de setembro de 2008.
Diante disso, foi obrigada a
cortar a produção para se
ajustar a um novo cenário de
consumo mais fraco.
Esse movimento não se verificou no comércio, que
continuou a vender produtos
que estavam em prateleiras
ou estocados nas indústrias
que o abastecem.
Por isso, o comércio sentiu
menos os efeitos da crise,
ainda que não tenha passado
ileso. Pelos dados do IBGE, o
volume de vendas do comércio varejista ampliado (inclui
veículos e material de construção) cresceu 2,5% de janeiro a abril (o dado disponível mais recente). Em abril,
caiu 0,8%, num ritmo bem
mais moderado do que o registrado na indústria.
Para Marcela Prada, economista da Tendências, o comércio se beneficiou mais do
cenário positivo da economia brasileira se comparado
ao de outros países. É que a
massa salarial continuou em
expansão, apesar da crise, e
impulsionou o setor.
O varejo enfrentou retração do crédito num primeiro
momento, mas reagiu rapidamente quando os financiamentos começaram a voltar
e os prazos de pagamento se
dilataram novamente, afirma Prada.
Outro fator positivo foi a
redução do IPI para veículos,
material de construção e linha branca, que barateou o
preço desses produtos no varejo e estimulou o consumo.
Até abril, os efeitos haviam
surgido apenas em veículos
-cujas vendas cresceram
1,3% nos quatro primeiros
meses do ano. Mas devem
aparecer nos próximos meses especialmente em eletrodomésticos -ramo que registrou queda de 1,6% de janeiro a abril.
(PS)
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