São Paulo, sexta-feira, 03 de julho de 2009

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Estoque explica descompasso com o comércio

DA SUCURSAL DO RIO

Desde o agravamento da crise, a indústria registra desempenho pior do que o comércio e os demais setores de serviços. Dois são os motivos para esse descompasso: os estoques ainda altos de alguns setores industriais e o ritmo mais acelerado do consumo do Brasil do que no resto do mundo.
É que a indústria enfrenta diretamente as consequências da queda das exportações, ao vender menos para países mais afetados pela crise, nos quais a demanda teve uma contração maior. Ou seja, uma fatia importante (estimada em cerca de 30%) do que é produzido atende às exportações, combalidas pela crise internacional.
Ao mesmo tempo, a indústria acumulou elevados estoques por causa da freada brusca da economia a partir de setembro de 2008.
Diante disso, foi obrigada a cortar a produção para se ajustar a um novo cenário de consumo mais fraco.
Esse movimento não se verificou no comércio, que continuou a vender produtos que estavam em prateleiras ou estocados nas indústrias que o abastecem.
Por isso, o comércio sentiu menos os efeitos da crise, ainda que não tenha passado ileso. Pelos dados do IBGE, o volume de vendas do comércio varejista ampliado (inclui veículos e material de construção) cresceu 2,5% de janeiro a abril (o dado disponível mais recente). Em abril, caiu 0,8%, num ritmo bem mais moderado do que o registrado na indústria.
Para Marcela Prada, economista da Tendências, o comércio se beneficiou mais do cenário positivo da economia brasileira se comparado ao de outros países. É que a massa salarial continuou em expansão, apesar da crise, e impulsionou o setor.
O varejo enfrentou retração do crédito num primeiro momento, mas reagiu rapidamente quando os financiamentos começaram a voltar e os prazos de pagamento se dilataram novamente, afirma Prada.
Outro fator positivo foi a redução do IPI para veículos, material de construção e linha branca, que barateou o preço desses produtos no varejo e estimulou o consumo.
Até abril, os efeitos haviam surgido apenas em veículos -cujas vendas cresceram 1,3% nos quatro primeiros meses do ano. Mas devem aparecer nos próximos meses especialmente em eletrodomésticos -ramo que registrou queda de 1,6% de janeiro a abril. (PS)


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