São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brahma terá dobro do controle da empresa

da Reportagem Local

Os atuais controladores da Brahma terão o dobro do tamanho dos atuais controladores da Antarctica no capital votante da AmBev.
Os sócios da GP Investimentos, que controla a Brahma, terão 46% das ações ordinárias (com direito a voto) da nova empresa. Os principais sócios da GP com participação na Brahma são Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herman Telles.
A Fundação Antonio e Helena Zerrenner, controladora da Antarctica, terá 23% das ações ordinárias da AmBev. Será a maior acionista individual, já que os sócios da GP dividem seu bloco.
O peso maior para a Brahma resulta de uma avaliação das duas companhias. "Foi feita uma avaliação do valor econômico das duas companhias pelo banco Morgan Stanley", disse Victorio de Marchi, diretor-geral da Antarctica e co-presidente da AmBev.
Apesar dessa disparidade, Marchi negou que a operação seja uma aquisição da Antarctica pela Brahma. "Aquisição está fora de qualquer dúvida", afirmou.
Um acordo de acionistas, válido por dez anos e renovável automaticamente, garantirá que as duas companhias tenham peso igual nas decisões estratégicas da AmBev. Ou seja, embora a Brahma tenha mais ações com direito a voto, seu peso no conselho de administração da nova empresa será igual ao da Antarctica.
No capital todal da AmBev, a GP Investimentos terá 19,5% e a fundação, 7%. O restante será dos 30 mil acionistas minoritários das duas companhias.
Na próxima semana será publicado o edital para convocação dos acionistas minoritários da Brahma e da Antarctica para que troquem suas ações por papéis da AmBev.

Ações no exterior
A AmBev terá suas ações negociadas também no exterior, na Bolsa de Valores Nova York, onde hoje estão listadas as ações da Brahma.
Segundo Marchi, o lançamento dos ADR (American Depositary Receipt) no exterior deverá ocorrer em dois meses. O ADR é o instrumento utilizado para negociar ações estrangeiras no mercado norte-americano. Trata-se de um recibo que representa as ações, que ficam depositadas em um banco custodiante.

União de rivais
Não são só as ações da nova companhia que estarão presentes no exterior. A própria empresa pretende estar. Esse é o objetivo da fusão.
"Se fosse só pelo mercado brasileiro, isso nunca aconteceria. Cada uma achava que acabaria com a outra", disse Marcel Telles, presidente da Brahma. "Ou a gente se internacionalizava ou viria alguém de fora para nos internacionalizar. Separadas nós não conseguríamos", afirmou.
Segundo ele, a AmBev está de olho em todos os mercados da América Latina e vai avaliar qual a melhor estratégia de entrada em cada um deles. "Se for o caso, poderemos nos associar a fabricantes locais, exportar, comprar um fabricante menor, comprar um fabricante maior. Agora temos caixa", disse Telles.

Associações estrangeiras
A norte-americana Miller, que tem uma joint venture com a Brahma -Miller do Brasil-, foi informada ontem sobre a fusão. A Brahma tem interesse em manter a associação com a Miller, mas ainda não sabe se o interesse é mútuo.
A participação acionária da também norte-americana Anheuser-Busch, maior cervejaria do mundo, na Antarctica foi desfeita. Mas a cerveja Budweiser, da Anheuser, continuará a ser produzida e engarradada pela AmBev no Brasil.
(VANESSA ADACHI)


Texto Anterior: Concorrência já prepara o contra-ataque
Próximo Texto: AmBev já nasce a nº 1 em faturamento
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.