ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O Banco Central mantém desde o mês passado uma equipe estudando os motivos de haver tantas disparidades de taxas de juros cobradas por bancos e financeiras aos consumidores, afirmou ontem o diretor de Política Econômica do BC, Sérgio Werlang.
O objetivo do governo é, a partir desse estudo, decidir qual será o ritmo para a adoção de medidas que reduzam o custo do dinheiro -determinado, em primeiro lugar, pela taxa de juros básica, hoje em 21% ao ano, e acrescido de cálculos sobre custos, risco de inadimplência e outros fatores que encarecem o crédito.
"Alguma coisa vai ser feita, sem dúvida nenhuma. Já temos noção dos impactos diretos. Queremos chegar a padrões internacionais, lá adiante, com redução do compulsório sobre depósitos à vista e zero para depósitos a prazo", disse.
Ele se referia à exigência atual de que os bancos mantenham no BC um percentual para a quantidade de depósitos a prazo em seu poder, o que aumenta o custo dessa poupança para o banco.
Questionado sobre o prazo para que tais medidas -de "desmonte", disse- entrem em vigor, o diretor do BC afirmou que "em dois ou três anos" as ações seriam sentidas, mas admitiu que, nesse período, nada impede o BC de adotá-las para aquecer a economia.
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e Werlang deram palestra ontem a um grupo de jornalistas do Rio sobre o sistema de metas de inflação.
O sistema fixa, como parâmetros para a ação do governo, índice de 8% no IPCA para este ano -o que corresponde a 5,5% se o índice for o da Fipe, segundo Fraga.
Fraga rebateu as críticas de que o sistema traria embutida a indexação. "É o oposto de indexação, um instrumento 100% voltado para o passado. Metas de inflação têm a ver com o impacto sobre as expectativas", disse Fraga.


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