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COMÉRCIO EXTERIOR
Principal ponto negativo são as negociações da área agrícola
Lafer vê dificuldades com "fast track"
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, considerou
um avanço para as negociações
comerciais a aprovação, pelo
Congresso dos Estados Unidos,
da versão definitiva da TPA (Autoridade para Promoção Comercial, na sigla em inglês), mas ainda
vê dificuldades para o Brasil.
A TPA, antes conhecida como
"fast track" (via rápida), é a autorização que o Legislativo americano concede para que o Executivo
negocie acordos comerciais sem
ter que submetê-los a possíveis alterações do Congresso.
É a ferramenta básica para os
americanos negociarem a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) e as regras na OMC
(Organização Mundial do Comércio).
Segundo Lafer, a manutenção
no texto da TPA do mecanismo
que permite ao Congresso monitorar as negociações para a abertura do mercado agrícola americano para produtos considerados
sensíveis, justamente os de maior
interesse para o Brasil, é o principal ponto negativo da TPA.
Com esse mecanismo, ficou institucionalizado que os lobistas
agrícolas americanos vão participar diretamente das negociações.
Apesar de admitir que haverá
dificuldades, às vésperas da visita
do secretário do Tesouro americano, Paul O'Neill, e em pleno
processo de negociação com o
FMI (Fundo Monetário Internacional), o governo brasileiro mudou o tom com relação às críticas
à TPA.
Quando a primeira versão da
TPA foi aprovada na Câmara dos
Deputados dos Estados Unidos,
no fim do ano passado, o governo
brasileiro fez duras críticas a dois
pontos do texto. O presidente Fernando Henrique Cardoso chegou
a dizer que não haveria Alca se
fossem mantidos os pontos com
os quais o Brasil não concordava.
Esses pontos eram o mecanismo que estabelece o controle pelo
legislativo e o que permite que o
Congresso americano encontre
formas para manter a competitividade de seus produtos, inclusive
dificultando a entrada de importações, quando houver fortes desvalorizações cambiais em outros
países.
"Nem eu nem o presidente nunca dissemos que essas negociações seriam fáceis", disse Lafer,
que afirmou que o Brasil vai continuar negociando a formação da
Alca, mas que só haverá conclusão se houver "equilíbrio de interesses".
Segundo Lafer, o lado positivo
da aprovação do "fast track" é que
o Executivo americano está finalmente liberado para iniciar as negociações comerciais. "Nem o
presidente Bill Clinton conseguiu
isso", disse o chanceler.
Para ele, outro aspecto positivo
é que os EUA encerraram a etapa
de discussões internas. "Toda negociação tem dois níveis de dificuldades, a interna e a externa, e
os EUA já encerraram a interna".
O Brasil, porém, está longe de
encerrar as discussões internas.
Na semana passada, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo) divulgou um estudo em que aponta que o Brasil será um dos 34 países da Alca que
mais sofrerá perdas com a formação do bloco, que prevê a liberalização do comércio no continente
a partir de 2006.
"A pesquisa da Fiesp serve para
apontar em que áreas a redução
terá de ser mais lenta e em que
áreas será preciso atuar com políticas públicas", disse Lafer.
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