|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMÉRCIO EXTERIOR
Será o 1º avião brasileiro a ser adotado como padrão no país
Embraer fornecerá ao Exército dos EUA
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Exército dos Estados Unidos
anunciou que seu novo avião-radar será o brasileiro ERJ-145
AEW&C, da Embraer, o mesmo
utilizado pela Força Aérea Brasileira no Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). É a primeira
vez que uma empresa brasileira
fornecerá avião militar a ser adotado como padrão para os EUA.
O contrato, em sua fase inicial,
dará US$ 879 milhões aos vencedores. Como prevê extensões de
até 20 anos, o mercado aeronáutico o enxerga com um negócio de
até US$ 8 bilhões, com quase 40
aviões fornecidos.
O consórcio é liderado pela Lockheed-Martin, gigante aerospacial norte-americana. Ela se associou em julho de 2003 com a Embraer, e não está claro o quanto a
brasileira vai ganhar de cada dólar
recebido. Para atender às exigências do governo dos EUA, a Embraer abriu uma fábrica na Flórida para montar os aviões.
O aparelho oferecido é a versão
AEW&C (sigla inglesa para alerta
aéreo antecipado e controle) do
sucesso comercial ERJ-145, que
tem mais de 750 unidades entregues. Ele derrotou a versão radar
do Gulfstream oferecida pela concorrente Northrop.
O avião no Brasil usa um radar
sueco, o Erieye. Nos EUA, todo o
sistema será substituído por equipamento norte-americano. A previsão do programa, chamado
ACS (Sensor Comum Aéreo, na
sigla em inglês), é substituir três
aparelhos em curso nos EUA, inclusive o EP-3E Aries, um quadrimotor operado pela Marinha.
No Sivam, são cinco os aviões
em operação. Na FAB, têm o código de R-99A. Além deles, o Brasil
opera outros três aparelhos ""irmãos", o R-99B de sensoriamento
remoto. México e Grécia também
compraram as versões de vigilância marítima do mesmo avião.
A única vez em que o Brasil quase conseguiu vender equipamento de ponta para os EUA, na área
de defesa aérea, foi na década de
90, quando o Tucano da mesma
Embraer foi preterido.
A Embraer não quis comentar a
nota do Exército dos EUA ontem
por não ter sido comunicada oficialmente da escolha.
A venda tem outros significados
e mostra o grau de complexidade
no setor de defesa atual. No contexto da tentativa de venda dos
novos caças da FAB (Força Aérea
Brasileira), o chamado projeto F-X, a Lockheed concorre até aqui
com quase nenhuma chance com
o modelo F-16.
A Embraer, por sua vez, apela
fortemente ao lobby nacionalista
para vender à FAB o avião francês
Mirage-2000BR, em associação
com a Dassault. Como irá gerar
empregos americanos, o ERJ dos
EUA poderá servir de munição
contrária na disputa entre os consórcios no Brasil. O negócio é estimado em US$ 700 milhões.
Além disso, outra notícia de ontem atiçou os lobbies da concorrência dos caças. A empresa de
aviação russa Aeroflot anunciou
que vai comprar 50 jatos regionais
com capacidade de 60 a 100 passageiros, exatamente o mercado
que a Embraer quer conquistar
com a sua nova família de aviões.
Com isso, confirma-se a oferta
feita por Moscou no ano passado
de abertura do mercado daquele
país para a Embraer, numa triangulação segundo a qual os caças
russos Sukhoi Su-35 seriam os escolhidos pela FAB em sua concorrência. O Brasil não confirma a
negociação.
Texto Anterior: Com mais compra, expectativa para saldo é mantida Próximo Texto: Brasil recebe menos carros da Argentina Índice
|