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Para Luiz Marinho, "turbulência política" não atingiu a economia
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Marinho, que deixou o comando da CUT para assumir o
Ministério do Trabalho, afirma
que a "turbulência política" não
contaminou o país.
Avesso a usar o termo "crise política", ele diz que prefere conversar com o presidente Lula sobre
temas positivos, como "emprego,
crescimento e investimento".
Em seu primeiro cargo político,
Marinho afirma que se sentirá
"satisfeito" se conseguir ajudar a
criar uma política de recuperação
do salário mínimo. A seguir trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - O sr. tem conversado com
o presidente sobre a crise política?
Luiz Marinho - Tenho conversado sobre o Brasil, emprego, economia, crescimento e investimento. Essa é a conversa no governo.
Folha - Vários sindicalistas e petistas afirmam que essa crise faz
parte de um "complô das elites".
Na semana passada, o presidente
Lula disse que "o acerto do comportamento do governo tem incomodado muita gente".
Marinho - Vejo com naturalidade o presidente falar isso. O que
temos é uma turbulência política,
não chamaria de crise. Muita gente tenta fazer dessa crise política
uma crise no Brasil. Quando se
diz que um país está em crise, você vê fábricas fechando, empresas
quebrando, demissões em massa.
O Brasil continua andando. A
economia real continua funcionando. [A situação] É grave, merece atenção, mas temos maturidade democrática. As autoridades
constituídas e o Congresso é que
devem apurar e investigar e chegar às conclusões de quem deve
ou não ser punido. E o Brasil deve
continuar funcionando.
Folha - Os trabalhadores, o movimento sindical e a CUT devem ir às
ruas defender o presidente?
Marinho - As entidades devem
ter autonomia. Se acharem que
devem, têm o direito de fazê-lo.
Não acho que o presidente está
tomando iniciativa de buscar
apoio dos movimentos sociais e
sindicatos. É só olhar as pesquisas. Tem apoio não só dessas instituições mas do povo brasileiro.
Folha - O presidente não intensificou sua participação em alguns
eventos populares?
Marinho - De jeito algum, é uma
questão de agenda. Esteve na posse [do Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC] assim como esteve em
todas as posses desde 1975.
Folha - O sr. conhecia o publicitário Marcos Valério? Ele trabalhou
para a CUT ou para os sindicatos?
Marinho - O Marcos Valério é
um cidadão que circulou comprovadamente pelo PT. Acabei
trombando com ele, no aeroporto, no partido. Ele nunca fez absolutamente nada [para a CUT].
Folha - A DNA tem um contrato
com o Ministério do Trabalho e recebeu R$ 506 mil. O sr. pretende
reavaliar esse ou outros contratos?
Marinho - A DNA tem contrato
com o ministério, assim como a
agência Artplan. O orçamento do
MTE é tão grande, tão grande
[ironiza] que, se eu encerrar o
contrato e chamar licitação, não
vai haver agência que se interesse.
Tenho R$ 1,2 milhão de orçamento [para publicidade] e já foram
gastos R$ 900 mil. Como se faz
publicidade com R$ 300 mil? A licitação [feita em 2001, na gestão
de Francisco Dornelles] termina
em 20 de setembro. Não há previsão para propagandas até lá.
Folha - É possível conciliar crescimento econômico, criação de empregos e melhoria na renda com a
atual taxa de juros?
Marinho - Em 2004, tivemos um
crescimento bastante razoável.
No primeiro semestre deste ano,
houve desaceleração, mas não
houve paralisação: foram criados
966 mil empregos. Nos 30 meses
de governo Lula, são 3,135 milhões, uma média mensal de 104
mil novos empregos. Estamos
discutindo agora se o crescimento
pode ser maior ainda ou não. É
evidente que é preciso iniciar a redução dos juros. As condições para isso já estão criadas.
Folha - Há críticas de que esses
empregos são precários, com baixos salários...
Marinho - Em um processo de
crescimento do país, os empregos
criados são na base e derrubam,
portanto, o salário médio. No
Brasil, existe condição de crescimento dos salários e da renda.
Mas é preciso que o empresariado
contribua, diminuindo o nível de
rotatividade, que é crucial. Só se
consegue frear a rotatividade por
meio de ações sindicais. Não pode
haver uma ação do Estado, por
decreto, que proíba isso.
Folha - Qual política será adotada
em relação ao salário mínimo?
Marinho - Precisamos de uma
política permanente de crescimento do salário mínimo, independentemente de quem esteja
no governo e de seu valor em 2006
e 2007. Tem de haver uma política
de Estado. Se chegar ao final [do
mandato] com essa política estabelecida, estou satisfeito. No próximo dia 11, será instalada a comissão permanente quadripartite
para discutir essa política.
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